domingo, 29 de novembro de 2009

Virou moda...

Raramente me disponho a comentar algo dentro do Esporte que não esteja ligado diretamente a Marketing ou Gestão. Mas algumas atitudes nos bastidores ou mesmo dentro de campo, atacam o mundo esportivo, diminuem a indústria, inibem os negócios. É assustador como a mesma imprensa, que botou fogo no jogo Corinthians e Flamengo, se abstenha de comentar o pós-jogo. Na visão deles, o Corinthians não entregou, mas também não deixou de entregar. O que eu disse sobre o presidente Belluzzo, posso repetir para o goleiro Felipe. Corro o risco - pequeno - de fazer uma injustiça, mas não ficaria em cima do muro para um assunto tão sério. Não bastasse saltar para o canto errado (uma falha técnica), deixando o gol vazio para o atacante do Flamengo, Felipe escolheu não ir na bola na cobrança do pênalti, demonstrando sua indignação pela marcação do árbitro. Alguém acredita nesta versão? Eu não. Acredito em grandes goleiros, com uma vontade incrível me pegar um pênalti mal marcado. Ou goleiros amadores, que adoram um pênalti contra, rogando por um momento de heroísmo. Acredito nas pessoas, no Futebol e na inigualável importância do Corinthians, tanto para seus torcedores quanto para os adversários. Mesmo triste, incrédulo, não posso ficar quieto. Que venham as críticas!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O poder das marcas... e das palavras

A cada dia, as marcas vêm se firmando como o principal ativo de uma organização. Nelas estão concentradas as percepções dos clientes, a partir de experiências tangíveis (produtos, serviços) e intangíveis (idéias, conceitos). No caso de um clube de futebol, a força da marca está em sua reputação perante a sociedade, que vem do tamanho e fanatismo de sua torcida, tradição, ídolos e conquistas, até mesmo do comportamento de seus dirigentes. Desta forma, como no mundo corporativo, tudo que se faz dentro e fora de campo tem influência direta - positiva ou negativa - sobre o valor da marca. A partir deste valor, serão conquistados espectadores, meios de comunicação, licenciados e, principalmente, patrocinadores. As consequências das declarações do presidente afastado do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, vão além da justiça desportiva ou comum. O maior impacto - negativo, claro - recai sobre esta marca tradicionalíssima, vencedora, que carrega consigo uma torcida apaixonada - e por que não dizer - fiel. Não seria apenas uma decepção dentro das quatro linhas que mudaria este cenário, porém o destempero de seu comandante abala - injustamente - o valor comercial deste clube. Infelizmente, a deterioração das marcas ocorre de forma silenciosa, quase imperceptível a curto prazo. Por isso, antes de abrirem a boca, sugiro que nossos dirigentes se reconheçam o valor multimilionário das marcas que representam ou, como parece cada vez mais indicado, fiquem calados.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Bola dentro!


Eu, que estou tão acostumado a criticar o circo do Futebol brasileiro (e não é no mesmo sentido que o 'Circo da Fórmula 1), também tenho que me render às iniciativas positivas. O São Paulo FC multou os jogadores Washington e Hugo por terem tirado a camisa nas comemorações dos gols decisivos contra Corinthians e Náutico, respectivamente. Para isso, utilizou-se de um argumento técnico, o fato dos jogadores terem tomado atitudes passíveis de cartão amarelo, o que realmente ocorreu. Mas, de acordo com o Diretor de Futebol do clube, João Paulo de Jesus Lopes, a multa deve-se também a um fator de Marketing. Ao ficarem 'seminus', os atletas esconderam as marcas dos patrocinadores no grande momento do Futebol. É preciso que o jogador tenha consciência que é ator de um show grandioso, que envolve acordos igualmente grandiosos em patrocínio e mídia. Um show onde não cabe mau humor, 'agora-não-vou-falar' ou comemorações escandalosas. Ignorar isto, seria não entender porque cai na conta destes jogadores, todos os meses - em alguns clubes, os meses têm 90 dias - dezenas de milhares de reais. Se bem que o gol do Hugo até merecia, mas já imaginaram o tanto que o Washington ia reclamar se fosse multado sozinho? Ia reclamar até ser expulso! Antes que alguém diga que é um absurdo punir os salvadores da pátria, a iniciativa tem tudo para ser exemplar, já que a atitude não custa nada ao jogador e vale muito para aqueles que o apóiam. Negar o lado comercial do Futebol (concorde ou não com ele) é tentar resgatar um tempo que não volta mais. Mais que isto, é não reconhecer que este processo, quando feito com ética e profissionalismo, favorece a todos, inclusive a quem mais importa: o torcedor. Parabéns à diretoria tricolor que, assim como no jogo de ontem, mesmo sem contar com a ajuda de dois jogadores (descamisados), venceu esta batalha. Mas ainda não esqueci do Morumbi...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Licenciamento - Quando menos é mais


Acabei de ler uma matéria da revista Licensing Brasil sobre o programa de licenciamento do Grêmio Portoalegrense. O clube se vangloria de possuir nada menos que 1.300 licenciados (itens). Citando 5 de seus principais licenciados, você provavelmente nunca ouviu falar em nenhum. Como eu, nos bons tempos de Roxos & Doentes, trabalhava próximo aos licenciados do Internacional, confesso que conheço a maioria. Não precisaria deste blog para dizer que quantidade não é qualidade. Dentro do licenciamento esportivo, basta olhar rapidamente números da Major League Baseball, nos EUA. A entidade, que lidera o licenciamento esportivo no mundo, possui apenas 180 empresas licenciadas e fatura (vendas) US$ 3,3 bilhões por ano com licenciamento. Isso mesmo! Todos os 30 times juntos possuem apenas 180 licenciados e faturam, na média, cerca de US$ 100 milhões cada! Bom, não vou perguntar ao Grêmio quanto fatura (que é o que importa), mas são certamente alguns milhões de reais. Em 1998, quando faturava "apenas" US$ 2,1 bi, a MLB resolveu diminuir drasticamente o número de licenciados (300 ou algo assim). E deu certo! Obviamente não podemos comparar friamente as realidades, mas como diriam os Titãs: "Um idiota em Inglês, se é idiota é bem menos que nós. Um idiota em Inglês é bem melhor do que eu e vocês". Ou seja, não é fazendo o inverso do que os americanos fazem que vamos chegar lá. Ah, o Grêmio também anunciou o licenciamento com a Tramontina, prometendo distribuição nacional. Legal! Detalhe é que - qualquer um sabe - a maioria absurda de torcedores do Tricolor Gaúcho está no... Quem disse Rio Grande do Sul, acertou! Conclusão: distribuição nacional só se for na República do Pampa, sonho dos movimentos separatistas. Antes que os gaúchos ataquem a mim ou à honra da minha mãe... "Ah, eu sou gaúcho!" Quer dizer, eu não, mas minha mãe é...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Morumbi é aqui


Nos últimos meses, estamos acompanhando a humilhante saga do estádio do Morumbi em direção à Copa do Mundo. Ainda que chegue lá, o que provavelmente acontecerá, os prejuízos já são irreparáveis à moral deste gigante cinquentão (beirando os 49, na verdade). Como diz - com razão - o presidente Juvenal Juvêncio, o Morumbi é hoje um dos melhores estádios do país. Isso quer dizer, rigorosamente, nada. Basta ir a um jogo no estádio para entender racional e emocionalmente os porquês da preocupação da FIFA. Não reconhecer estas deficiências tem sido o maior erro (como se precisasse de outros). Mais do que as condições físicas atuais, não se consegue colocar no papel - que aceita tudo - um projeto decentemente moderno para o estádio. É assustador! O Morumbi perdeu a capacidade de sonhar. Fazendo um paralelo econômico, enquanto comemoramos um crescimento trimestral do PIB de 1,9%, a Índia deve crescer 5% e a China "apenas" 9% em 2009. Estamos acostumados com pouco. Definitivamente, o Morumbi é aqui. Entrando na onda de uma promoção cultural rumo à Copa da qual participei estes dias, já criei um grito de guerra para 2014: "A-E-I, coitado do Morumbi!".

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Timão e a Superexposição


Na Língua Portuguesa, o prefixo 'super' indica superioridade. Ainda assim, em Marketing, mais especificamente em Comunicação, não se pode dizer que é atributo positivo para uma marca. Difícil colocar limites já que, como tudo na vida, o ápice da exposição se confunde com o início da superexposição. Isto acontece com o Corinthians. A exposição natural de sua marca poderosa, somada ao mito Ronaldo e embalada pelos títulos, trouxe uma exposição tão grande de seus atletas que foi impossível segurá-los no Brasil. Seria ótimo se o negócio do Timão fosse vender jogadores no atacado e varejo. Mas não é. O que dá dinheiro para grandes clubes de Futebol é ganhar títulos e coroar seus heróis. No caso do Corinthians, é muita falta de ambição - que não vem do torcedor - se contentar com o Paulistão e a Copa do Brasil, títulos que o clube está cansado de ganhar. Exposição tem que ser na medida certa, gerando expectativas que possam ser atendidas. Na verdade, mal acredito na versão de que o Ronaldo trouxe mais exposição de mídia ao Corinthians, mesmo porque, este é um problema do qual o clube nunca padeceu.

A superexposição, sob um outro ponto de vista, pode causar problemas ainda piores fora de campo. Vejam o caso da Batavo: quando entrou, imaginou-se soberana sobre o manto alvinegro. O sucesso foi tanto, que muitos patrocinadores resolveram ir no embalo e tornar os atletas outdoors ambulantes, de arrepiar o prefeito Kassab. É verdade que estes patrocínios encheram os cofres do clube, não a ponto de segurar o elenco campeão, mas o resultado pode ser desastroso. A Batavo inclusive já levantou a hipótese de rescisão e certamente já considera uma pedra enorme no processo de renovação para o centenário.

Analisando tecnicamente, uma das possíveis e melhores formas de avaliar um patrocínio é através da lembrança de marca, mas haja memória para a fiel reconhecer, espontaneamente, seus patrocinadores. Outra forma de avaliação, mais sistemática, é o valor do retorno de mídia. Segundo a metodologia da Informídia - empresa especializada e contratada para isso pelo Corinthians - quando várias marcas aparecem ao mesmo tempo, o valor da exposição de cada uma delas deve ser dividido pelo número de marcas expostas. Para explicar melhor, o retorno da Batavo estaria sempre dividido por 2, 3 ou 4. Para piorar, o custo benefício que o Banco Panamericano recebeu é muito melhor que o do patrocinador principal, um erro grosseiro para empresas de varejo (o que se tornou o Corinthians nessa empreitada). Juntando os assuntos, a Batavo ainda está sendo prejudicada pelo desmanche do time para o segundo semestre e talvez não esteja feliz em desembolsar R$ 2 milhões por mês para o clube que "já cumpriu seus objetivos". Para a Batavo, faltou espelhar-se no contrato da LG com o arqui-rival corintiano, que reza exatamente a cartilha da exclusividade. No fim das contas, quem perde com isso?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Morumbi: Vergonha Anunciada

Foram enfim definidas as cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014. Tudo foi feito sem pressa, como se a Copa pudesse esperar. Costumo criticar - com razão - dirigentes do Futebol, mas é a vez de reconhecer o valor de alguns deles. Parabéns à FIFA que considerou o Morumbi inadequado para a abertura da competição. A FIFA, ao contrário do que dizem os dirigentes são-paulinos, primou pelo bom senso e, principalmente, pelo profissionalismo. Quem tem ido ao Cícero Pompeu de Toledo, sabe que o estádio não tem as mínimas condições de sediar jogos de copa. O projeto para remodelação do estádio não é sério. Quem pensou que redesenhar aquilo que já existe em softwares 3D convenceria a entidade máxima do Futebol, se deu mal. A FIFA acertou também nos detalhes. É claro que, se o estádio comporta 70 mil pessoas hoje em dia e não vai ser ampliado, o anel inferior não poderia ser destinado a tribunas e imprensa, sem reduzir sua capacidade total. A matemática que parece simples para nós mortais, nem sempre se aplica ao futebol brasileiro. Não tenho conhecimento técnico, mas creio que a cobertura colocada sobre o estádio, sem nenhuma estrutura para sustentá-la, como uma tampa de panela, fere as leis da engenharia, da física e, principalmente, da lógica. Eu gostaria que tudo fosse diferente. Tenho quase 30 anos de Morumbi nas costas e adoraria vê-lo brilhar. Mas como a vergonha já era anunciada, fico feliz por ter alguém zelando pelo Futebol e que, não por acaso, realiza o maior espetáculo da Terra. O Morumbi, coitado, não merecia. Como acontecerá com todos nós, está no fim do seu ciclo de vida.

Link para o vídeo do projeto Morumbi 2014

domingo, 3 de maio de 2009

Ronaldo é guerreiro!

No dia 18 de abril, publiquei um artigo sobre a campanha da Brahma, na qual Ronaldo se dizia brahmeiro, com um copo de cerveja na mão. De um forma inesperada, esta crítica ecoou, iluminando as cabeças responsáveis pela gafe. Num momento histórico da propaganda brasileira, a Brahma voltou atrás, alterando o trecho final da peça publicitária (a seguir). Agora Ronaldo é guerreiro e lugar de cerveja é no balcão de bar. Depois de ver a Fórmula 1 voltar atrás em relação ao regulamento tão criticado neste blog, é a vez de saber que os duros comentários a Ronaldo e à marca Brahma não foram em vão.  Parabéns a Ronaldo e à Brahma que voltaram a ser tratados como merecem. E eu, de ânimo renovado, continuarei falando o que penso.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A verdade sobre Interlagos


Como prometi, vou dedicar tempo e espaço ao mundial de Fórmula 1 do ano passado, particularmente o GP de Interlagos. Sairei momentaneamente da esfera do Marketing, circulando pelo lado negro do Esporte enquanto negócio. Recapitulando o que a maioria já sabe. O piloto Felipe Massa tinha remotas chances de ser campeão da temporada. Como única opção, vencer a corrida em Interlagos - o que fez de ponta a ponta - e contar com que o rival Lewis Hamilton não chegasse entre os 5 primeiros, onde permaneceu por quase toda a prova. A sorte virou quanto Lewis foi ultrapassado por Sebastian Vettel a 2 voltas do final. Massa foi o virtual campeão por alguns momentos, naquele que seria o maior dia da história de Interlagos (e olha que eu estava lá na 1a. vitória de Senna). Tudo era perfeito, mágico, até que na última volta, Timo Glock fizesse um tempo de Stock Car Light em Interlagos (um surreal 1’44”731), permitindo a ultrapassagem e o título de Hamilton. A história já é improvável, mas a versão mais absurda vem, curiosamente, do chefe da McLaren, Martin Whitmarsh, em depoimento à conceituadíssima Fox Sports. Segundo ele, Hamilton, por ordem dos boxes, deixou que Vettel o ultrapassasse, uma vez que Glock já estaria muito mais lento que o inglês naquela volta e seria fatalmente ultrapassado pela 'flecha de prata'. O fato é que, moralmente embriagado, Whitmarsh errou bizonhamente nas contas e destroçou a versão oficial da equipe. Quando Vettel ultrapassou Hamilton, a transmissão oficial marcava 2/71 (duas para o final, de um total de 71 voltas). Logo estávamos na volta 70, certo? Errado. Felipe Massa havia cruzado a linha e iniciado a volta 70. Hamilton e Vettel ainda estavam no último trecho da volta 69. Glock fechou esta volta em 1'18''688 enquanto Hamilton marcava 1'24"612, segundo a cronometragem oficial da FIA. Consegue adivinhar quem foi o piloto mais rápido na pista na volta 69? Se apostou em Glock, está incrivelmente certo! Ou seja, Timo estava 6"(seis segundos!) mais rápido que Lewis, mas a McLaren já sabia que seria campeã (eles que disseram!). O chefão da equipe cometeu um erro grosseiro, se referindo (provavelmente) à volta 70, quando Hamilton foi realmente bem mais rápido que Glock. Outra mentira histórica é que a chuva engrossou nas últimas 2 voltas, deixando Glock (de pneus lisos) tão mais lento. Tenho a convicção do contrário, por que eu estava lá, em frente à Curva da Junção, onde ocorreu a ultrapassagem. Estava chovendo sim, mas uma garoa fina, nada diferente das voltas anteriores. Para não confiar apenas na minha memória (apesar que nunca esquecerei aquelas cenas), acessei o vídeo que mostra o momento exato da ultrapassagem, exibindo um "trilho" de pista seca, por onde Glock passeava. 

Só cheguei a estas conclusões acessando fóruns internacionais, repletos de fãs inconformados, de diversas nacionalidades. Como minha idéia é informar mais do que comentar, fiz questão de incluir dois links (no texto) e o vídeo que mostram o que realmente aconteceu.

Publico este artigo, humildemente, em homenagem ao magnífico Ayrton Senna, cuja morte completa 15 saudosos anos neste 1o. de maio.


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Não deu certo...

A iniciativa do São Paulo em fazer valer o regulamento e limitar o número de ingressos para os visitantes nos clássicos paulistas não deu certo. Tudo começou no clássico do dia 15 de fevereiro entre São Paulo e Corinthians. Com aproximadamente 33.000 torcedores, pagando ingressos mais caros, o tricolor paulista apenas empatou. Estratégia repetida no clássico do dia 24 de março, diante do Palmeiras, quando apenas 18.000 pobres coitados, que pagaram ingressos igualmente majorados, assistiram à vitória diante do Palmeiras. O fato se repetiu, em outras proporções, no último domingo, onde apenas 45.000 testemunhas, com ingresso majorado e tudo (que idéia e que hora!), acompanharam a derrota nas semifinais do Paulistão. Se é que torcida ganha jogo, o clube não lotou o estádio e talvez por isso, não tenha feito valer seu mando. Diante de uma receita não realizada, que calculo em R$ 2,5 milhões (30.000+16.000+15.000 x R$40,00), o São Paulo está fora. O Futebol como negócio conta com variáveis incontroláveis, como o resultado das partidas, e controláveis - por parte dos dirigentes, que não jogam bola - como a carga e preço de ingressos. Utilizando sua bola de cristal, o São Paulo conseguiu a façanha de perder dos dois lados. Pegando carona na crise do mercado financeiro, o clube gerenciou mal seu risco, já que podia sair desta disputa de cabeça inchada, mas bolso cheio. Que fique de lição.

sábado, 18 de abril de 2009

Sou brahmeiro... mas não sou atleta!

Foi um choque para mim. Ligar a televisão e ver Ronaldo com um copo de cerveja na mão é algo bizarro. É difícil acreditar que a poderosa multinacional ex-brasileira e a assessoria deste fenômeno de mídia do século XX tenham chegado a este ponto. Sem falso moralismo, mas atleta e cerveja não tem nada a ver. Aliás, por que mesmo alguém patrocinaria um atleta para tê-lo de copo na mão? Você quer associar a cerveja ao Esporte e não o atleta à cerveja! É péssimo para a imagem de Ronaldo, tanto para o esportista quanto para o mito, além de alimentar sua fama - para se dizer o mínimo - de baladeiro. É ruim para a marca pois a propaganda é apelativa. O momento escolhido é o pior possível, justamente quando Adriano abandona o Futebol por causa da dependência alcoólica. Nesta semana, tive acesso a uma pesquisa da European Sponsorship Association sobre as novas tendências na relação entre Esporte e álcool. Cresce aceleradamente, em todo o mundo e todas as modalidades, a restrição à participação das bebidas alcoólicas, incluindo cerveja, no patrocínio esportivo. Por mais longo que seja, este é um caminho sem volta. O mais interessante é que esta tendência parte, principalmente, das próprias entidades esportivas, percebendo que tal associação não é – literalmente – saudável. Em seguida, virão as restrições a fast foods e refrigerantes. Vai chegar a hora do Esporte dar prioridade a produtos realmente saudáveis. O impacto inicial na receita comercial dos principais eventos e entidades esportivas será grande, a partir de uma das maiores quebras de paradigma na história breve do patrocínio esportivo. Obviamente, todos terão que se adaptar ao novo cenário e, como sempre, uns o farão mais rápido que outros. Cabe aos gestores destas entidades ter visão estratégica e iniciar o processo de adaptação imediatamente. Quem enxergar antecipadamente este tsunami, terá maiores chances de salvar ou mesmo surfar nesta onda.  Só sei dizer que a Brahma e Ronaldo estão vindo na contra-mão da história, fazendo a alegria dos rivais – de ambos. Eu mesmo, fã do talento de Ronaldo, não resisto ao humor sarcástico. Que Ronaldo é brahmeiro, nem precisa dizer. Pela barriga, logo se nota.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Futebol e Sustentabilidade


Há cerca de um ano, tenho discutido a relação entre Esporte e Sustentabilidade com especialistas nas duas áreas. Esta discussão tem se estendido para outros envolvidos na Indústria do Futebol, como clubes, federações e patrocinadores. Acreditamos que o desenvolvimento empresarial sustentável é um caminho sem volta, uma megatendência da qual nem mesmo o Futebol ficará imune. De um lado, está uma demanda urgente pela mudança de mentalidade na gestão de novos clubes e, de outro, o grande poder de mobilização que possui o Futebol em nossa sociedade. Certamente, este será um assunto cada vez mais presente neste e, espero eu, muitos outros blogs. Algumas iniciativas - muito bem feitas, diga-se de passagem - já podem ser identificadas em organizações esportivas em todo o mundo. O gigante FC Barcelona utiliza a Responsabilidade Social como posicionamento de mercado. Outros trabalham no desenvolvimento de arenas ecológicas, eventos carbon free e suporters' trusts (iniciativa que reconhece o direito do torcedor na gestão dos clube). Conversando e aprendendo sobre o tema, cada vez mais situações cotidianas do Futebol chamam atenção, como a necessidade de instalação de torneiras auto-reguladoras nos sanitários do estádio do Morumbi, mais econômicas para o clube e para o meio ambiente. Mas no último dia 28, um fato maior me chamou atenção. Enquanto 3 mil cidades em 80 países - incluindo o Brasil - apagavam as luzes num movimento emocionante pelo planeta, o Futebol brasileiro, realizava, em pleno sábado, partidas noturnas, neutralizando o esforço de milhares de residências. Para piorar, o clássico diurno do Morumbi - não realizado na hora marcada para o apagão, é verdade - também contou com 90 minutos de refletores acesos. São indícios mais do que suficientes que alguma coisa precisa e pode ser feita. Não é mais possível encarar um Futebol alienado aos seus problemas conjunturais e, principalmente, ao que acontece à sua volta. O aquecimento global afeta a vida de todos e, num futuro breve, pode afetar decisivamente atletas e eventos esportivos. Quem está preocupado?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Até tu? A Revanche!

Quem conhece meu trabalho (e agora meu blog) sabe que tenho opiniões fortes sobre determinados assuntos e não fujo - acho que até gosto - de polêmicas. Mas desta vez, estou muito feliz por compartilharem da minha opinião sobre as regras da Fórmula 1, muito amigos, fãs do esporte, pilotos e, principalmente, ícones do esporte, como Michael Schumacher, ou grandes especialistas, como Reginaldo Leme. A Fórmula 1 mostrou ter gente boa, forte... e já rejeitou, pelo menos para este ano, o regulamento absurdo criado pela FIA. Se em todos os esportes existisse gente assim, muita coisa mudaria para melhor. 

terça-feira, 17 de março de 2009

Até, tu? (matéria original)

A FIA - Federação Internacional de Automobilismo - acaba de anunciar os critérios de pontuação para a temporada 2009 da Fórmula 1. Quem vencer mais corridas, será o campeão. O critério é tão óbvio quanto medíocre. Não podemos esquecer que, aplicando os conceitos do Marketing ao Esporte, o formato da competição é parte essencial do seu mix de marketing, fazendo as vezes do produto, diria sua embalagem. Ou seja, não o mais importante, mas o ponto de partida para os demais elementos do mix - Preço, Distribuição e Comunicação - que agora vão ter que se virar. Apesar da boa vontade da FIA em premiar os vencedores, estão esquecendo o sentido real do regulamento. O formato tradicional privilegiava a regularidade durante a temporada e, principalmente, dava maiores chances de recuperação para os pilotos, em última instância, mais emoção. Pelo radicalismo da mudança, até parece que o campeão de 2009 chegou todas as corridas em oitavo, sei lá. O erro ocorreu quando diminuíram de 4 para 2 pontos a diferença de pontuação entre primeiro e segundo colocados, responsável por Hamilton vencer a temporada 2008 com menos vitórias do que Felipe Massa, da forma mais emocionante possível, diga-se de passagem. E nem foi isso que tirou o título de Massa, Timo Glock que o diga (prometo dedicar uma conversa sobre este assunto). Mas dá para dizer que Hamilton fez uma temporada pior do que Massa? Não creio. O primeiro grande risco é que a temporada se defina com grande antecipação, já que, anteriormente, um piloto poderia se manter em segundo ou terceiro nas primeiras provas do campeonato para tentar uma arrancada, o que, paradoxalmente, ocorreu com Massa no ano passado. Pode acontecer o contrário? Claro, mas daí não mudou nada. Outro risco importante está dentro de cada Grande Prêmio. Se lembram daquelas corridas onde o primeiro colocado abre distância logo nas primeiras voltas e não é mais alcançado? Pois é assim que normalmente acontece. E isso não porque o segundo colocado não quer a vitória, mas por pura incapacidade de acompanhar um carro que está sobrando naquele final de semana. Como as demais colocações não valem para o campeonato, a emoção pode acabar na décima volta. Perde-se ainda aqueles lindos momentos, onde o piloto  larga lá de trás, faz uma corrida fantástica e chega em segundo... Para quê? Gastou energia, sorte, talento e combustível desnecessários. Indo além, a estratégia de tornar cada etapa um tudo-ou-nada, absolutamente não contribui com a segurança dos pilotos. É incrível ver que um dos maiores eventos esportivos da face da Terra, que envolve tanto dinheiro e tanta gente esclarecida, se perca na hora de embalar o produto. Como amante da F-1, quero muito queimar minha língua, mas acho pouco provável. Esta é uma decisão que, se surpreender muito, não vai mudar nada, mas, se cumprir seu destino, pode ser uma pá de cal na melhor categoria do automobilismo mundial. Para mim, seria uma tristeza enorme - aliás, já é. E depois vão culpar... a crise!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Quem quer ser um milionário?

E ainda tem gente capaz de dizer que o Fenômeno é cria do Marketing Esportivo. Quem somos nós para, em cima de uma história tão improvável, construir uma obra épica? Fosse assim, certamente seria meteórica, como foi, mas de mão única, sem tantos percalços. E para dar o mínimo de credibilidade, esta história não teria tantos finais,  irrepreensivelmente felizes. Ronaldo é único, iluminado. Quando veio o mundo, lhe disseram: "Escreva sua história do jeito que escrever, o final será sempre feliz". Mas o que me impressiona mesmo é a bola. Um ser absolutamente inanimado, que cria asas, voa de um lado a outro, para encontrar o craque. Como eu disse, quase sem querer, ao final da obra - homônima - vencedora do Oscar, "Nossa, que história!".

terça-feira, 3 de março de 2009

Se tudo sair como planejado...

Há alguns anos fiquei impressionado ao ter acesso ao planejamento anual de um grande clube português. Realmente este clube demonstrava extrema capacidade de antecipar receitas e despesas anuais, planejando detalhadamente suas estratégias comerciais e organizando de forma clara e direta. Condições do ambiente, dentro e fora de campo foram rigorosamente avaliadas. Planos foram traçados para os principais ativos do clube. Para que ao final da temporada o clube tivesse, se tudo saísse dentro do planejado, um belo resultado financeiro... negativo! Não é piada de português, mesmo porque minha própria origem lusa não permitiria. Você analisa as condições que vai enfrentar e, então, desenvolve estratégias para dar prejuízo? Achei no mínimo curioso. Para quem não está familiarizado com o tema, o bom senso diz que, no caso de se esperar prejuízo num determinado período, o que é plausível, o planejamento seja feito num prazo maior, na medida que demonstre uma rentabilidade no longo prazo. 
Ao refletir sobre o resultado financeiro do São Paulo FC em 2008, impossível não lembrar dos co-irmãos portugueses. Embora não tenha tido acesso ao documento escrito, fiquei sabendo que o clube desenvolveu um planejamento anual detalhado, contendo previsões de receitas e despesas. Isso, considerando oportunidades e ameaças do ambiente, suponho eu. O resultado dentro de campo não foi perfeito, mas foi muito bom. Se as coisas não foram bem na Libertadores, já no Brasileiro o clube lavou a alma e alimentou os cofres. Iniciativas de Marketing, torcedor feliz da vida, patrocinadores radiantes, venda de camisas estourando, inveja dos rivais. Tudo isso para que no final da temporada chegasse a um belo prejuízo? Será possível? Imagino aquele sotaque da terrinha dizendo: "Se tudo correr como planejamos, tomaremos um belo de um prejú!" Imaginem a situação de quem ficou de fora da Libertadores, passou o ano no purgatório, despencou para a série B ou todas as alternativas anteriores. 
Enfim, tudo muito engraçado, se não fosse triste. Só sei que está na hora de fazer valer a responsabilidade fiscal para os dirigentes do nosso Futebol.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

E tem aquela do estádio...

Parodiando o grande José Simão, somos o país (do futebol) da piada pronta. O São Paulo cedeu apenas 10% dos ingressos para o clássico do último domingo. Fazendo valer seus direitos. E o Corinthians, é claro, se enfezou. Não jogará mais no Morumbi - leia-se "não mandará seus jogos" - enquanto Andrés Sanchez estiver por lá (ele que disse). Então quer dizer que antes o São Paulo alugava o Morumbi e o Corinthians usufruia de suas instalações porque se amavam? Incrível, por um momento pensei que estavam fazendo negócios. Mas foi só por um momento, já passou...