quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Lei de Gaga

Quando o assunto são as arenas esportivas, existe um conflito entre a visão norte-americana e a européia. No Novo Mundo, impera o conceito das arenas multiúso, que servem para todo tipo de evento, até para eventos esportivos, enquanto no Velho Mundo, o Esporte (essencialmente o Futebol) é quem manda, não descartando usos alternativos, fora dos dias de jogos, desde que não prejudiquem a realização dos jogos. Não por acaso os gramados, que não são sintéticos como nos Estados Unidos, parecem o carpete da sala de casa. Se resta alguma dúvida, acho ainda que o modelo europeu é bem mais coerente para os clubes brasileiros, já que estes não têm fins econômicos. O dinheiro pode importar, é claro, mas tem que ser muito dinheiro mesmo e o prejuízo esportivo tem que ser colocado na balança. Neste final de ano, dois grandes concertos de estrelas norte-americanas serão realizados no estádio do Morumbi - Lady Gaga em novembro e Madonna em dezembro - levando jogos decisivos para outro estádio qualquer, incluindo o duelo com o Corinthians na última rodada. Talvez nem mesmo o clássico valha alguma coisa (a que ponto chegamos!), mas poderia valer o título, a vaga na Libertadores ou a despedida de Lucas e Rogério Ceni, quem poderia adivinhar? Se o São Paulo FC receberá mesmo R$ 1,5 milhão pelo show, é muito pouco, mal cobre a renda da partida perdida, quem dirá o resto. No Tricolor, mais uma vez pesou o que vou chamar de 'Lei de Gaga', deixando o coitado do Futebol em segundo plano.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A insustentável leveza de ser.. ídolo

Não é preciso uma expedição a Marte para descobrir que o desenvolvimento de uma modalidade esportiva passa pela existência de ídolos, assim como por sua exposição na mídia. Também não é um exagero, como disse o Galvão durante a transmissão do UFC Rio, na madrugada de domingo, que Anderson Silva talvez seja o maior ídolo do esporte brasileiro atual. Porém, colocar este grande atleta acima da própria modalidade, pode causar o efeito reverso. Anderson foi obrigado a competir em uma categoria acima de seu peso, sem disputar o cinturão, para "salvar o evento", como ele mesmo disse, num golpe inesperado no chefão Dana White, no melhor estilo do Spider, durante uma daquelas sensacionais entrevistas ao final de cada disputa. O MMA, como outros esportes, precisa de ídolos, no plural. Rodrigo Minotauro Nogueira, com sua simplicidade e talento, já tem muitos fãs, mas não será ficando como pano de fundo do card principal e da programação da TV que se tornará um grande ídolo. Salvar o evento, pode significar depender cada vez mais de Anderson Silva e perder a chance de construir seus pares e sucessores. Um erro semelhante ocorre de vez em quando no nosso futebol, quando os clubes mais populares têm mais espaço nas transmissões, se tornando cada vez mais populares e (supostamente) ricos, quando o equilíbrio seria o ideal para todos. Prefiro o Anderson lutando mais leve, bailando no octógono, sem precisar levar o UFC nas costas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Uma Nova Geração

O portal Globo.com divulgou dados sobre a presença - ou falta de  - público no Brasileirão em andamento. A média de pouco mais de 12 mil é simplesmente ridícula, ainda mais considerando o grande investimento dos clubes, com Seedorf, Forlán, Luis Fabiano e companhia. Este estudo também revelou uma taxa de ocupação média de apenas 40%. É difícil determinar as principais causas, pelo excesso de possibilidades. O calendário que exclui as principais estrelas é um vilão evidente, mas a má condição e péssima logística dos estádios é fundamental. Esta questão poderia ser transformada a caminho de 2014, com os grandes investimentos para a Copa, mas não será. Boa parte da nova geração de arenas esportivas não será utilizada na série A. Brasília e Cuiabá só têm times da série C. Manaus... pois é. Fortaleza e Natal possuem times na série B, que pelo menos em 2013 devem continuar por lá. Ainda restaram, é claro, 7 belíssimas arenas, sendo que poucas abrigarão mais do que uma equipe mandante, anulando o efeito holístico que poderiam trazer. Não bastasse perder a oportunidade do século (literalmente), os estádios ainda sofrerão cada vez mais o impacto das telas de alta resolução e grandes formatos, da TV Digital e das transmissões interativas. Surge, então, uma dúvida em relação à capacidade das novas arenas (média de 52 mil lugares), que deveriam ser dimensionadas para a média de público e não para os momentos de pico, sendo assim mais sustentáveis em todos os sentidos. A presença do torcedor (e a alta taxa de ocupação) nos estádios modifica a atmosfera do evento para os atletas, para a mídia e inclusive para o público presente, ou seja, tudo! Sempre me lembro de uma análise genial do Doutor Sócrates: a geração que consolidou a audiência do Futebol na TV foi formada dentro dos estádios, com isso é capaz de transferir as emoções da arena para o sofá. E se depender da experiência da adolescente Milena Pscheidt, a delicada e corajosa fã do Lucas, que novas gerações virão?

Maiores médias de público no mundo (2011) - parte 1
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 2
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 3
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 4