quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Treze clubes e um novo segredo

Depois da crise no Corinthians e das revoltas no Oriente Médio, é a vez do Futebol Brasileiro inteiro entrar em ebulição. Um racha no famoso (mas nem tanto) Clube dos 13 pode dar uma nova (des)ordem ao nosso futebol. Corinthians, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo estão de saída. Significa dizer que o sonho acabou. Para quem não sabe, a entidade, formada pelos maiores clubes brasileiros, foi criada e gerida principalmente para negociar em conjunto os direitos de transmissão dos jogos na TV. Foi, talvez, a principal iniciativa em termos de gestão na história do nosso Futebol. Sonhava com vôos maiores, que nunca vingaram. Mas só a TV já era algo muito grande e importante. Com a divisão, os clubes pretendem negociar individualmente, como no caso do time paulista, ou em pequenos grupos, com o caso dos cariocas. A própria TV Globo anunciou que vai optar pelas negociações individuais para o período 2012-2014. Não dá para se dizer que vai gerar menos receita, talvez até o contrário. Mas é confusão na certa! Nunca entendi porque os clubes pequenos promovidos da série B não tentavam negociar seus direitos individualmente, já que não tinham acordo com a TV, no caso a Globo. Em 2008, o então-rebaixado Corinthians abriu o precendente, quando não aceitou a negociação coletiva dos demais clubes e firmou um acordo individual com a emissora carioca. E ninguém chiou. Significa que, a partir de agora (ou de sempre), pequenos e médios clubes recém-promovidos da série B podem negociar individualmente seus jogos, inclusive - e principalmente - contra os grandes, o que derrubaria de vez qualquer forma de exclusividade. É algo que não está bem definido pela legislação, mas um segredo já foi revelado: na opinião destes cinco dissidentes peso-pesados e da Globo, a regra é realmente cada um por si. Em um confronto entre duas equipes, cada uma delas pode comercializar os direitos de transmiti-la, sem autorização do adversário. Na Itália, por exemplo, os direitos pertencem aos donos da casa. Na Inglaterra, pertencem à liga, na França, à confederação. E por aqui? Bom, por aqui, a Deus pertencem.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O primeiro dia do resto de nossas vidas

Fim de jogo. Ronaldo, o Fenômeno, parou de jogar Futebol. É o fim da carreira de um dos maiores ídolos do Esporte em todos os tempos. O ícone da era do Marketing Esportivo global, o maior artilheiro de todas as copas do mundo. Um romance épico, recheado de momentos de superação e êxtase, que seria surreal demais para a ficção. Mesmo mal assessorado fora de campo, Ronaldo sempre respondeu em campo às críticas e dúvidas. Ao contrário do que se possa pensar, fez o que fez pelo seu talento único e carisma irresistível, que o transformaram no garoto-propaganda dos sonhos da indústria do Esporte. O tempo parou. A partir de agora, Ronaldo viverá na memória daqueles que tiveram o prazer de vê-lo jogar e das histórias que temos para contar. Eu, por exemplo, nunca vou me esquecer daquele 7 de julho de 1998, em Marselha. No estádio Velodrome - nome que já deveria prever o que aconteceria naquela noite - Ronaldo corria em movimentos circulares, com impressionante velocidade e habilidade. E todo o time da Holanda atrás dele. Algo que a TV jamais conseguiria mostrar. A melhor partida que já vi - e provavelmente verei - alguém jogar. E o que dizer daquele gol arrasa-quarteirão pelo Barcelona ou dos dois marcados na final de 2002? Nada menos que os primeiros (e únicos) gols brasileiros em finais de Copa desde 1970. Mas, este dia, de perda irreparável para quem ama e vive do Esporte, traz um misto de dor e satisfação. Hoje, é o dia da morte do atleta e nascimento do mito. Um mundo sem balança, adversários ou críticos. Para quem pensa que acabou, prepare-se, pois este é apenas o início dos dias de um artilheiro imortal.