quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pede pra sair

Com a chegada da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo 2014, experimentaremos muitas novidades do primeiro mundo do Futebol e da sociedade, uma delas na segurança dentro das arenas. Nestes eventos, teremos em ação seguranças treinados física, técnica e psicologicamente, em lugar dos policiais truculentos e fora de forma (pra dizer o mínimo). Já estava na hora. O nosso Futebol já tem problemas suficientes, incluindo grandes danos à sua imagem. Nunca vou me esquecer a tentativa de invasão de campo que presenciei durante um jogo de futebol das Olimpíadas de Atlanta: um ágil e veloz segurança (de tênis e abrigo) deu um pique sensacional, acertou uma voadora plasticamente perfeita e imobilizou o engraçadinho com as pernas, levando os torcedores ao delírio de um gol. Tamanho orgulho é difícil de imaginar por aqui. Depois da Copa, agradeceremos à polícia pelos serviços prestados, mas não só espero, como também sugiro, que não voltem. Acredito que as taxas pagas pelos clubes não deixarão ninguém mais pobre ou mais rico. Continuaremos contando com a PM em um trabalho bem mais digno, o patrulhamento em torno das arenas (fora), quem sabe assim não se torne até mais eficiente. E quem sabe quando formos mal atendidos ou mesmo ofendidos pelos seguranças particulares possamos até chamar a polícia, sem o risco de sermos humilhados, agredidos e ameaçados. Assim, a fé pública dos oficiais terá melhor serventia. A arena esportiva não precisa ser um reflexo da sociedade (muito menos da nossa). Queremos um casulo, onde as famílias e os torcedores de verdade simplesmente possam viver em paz.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Um time, uma torcida

Independente do resultado final do Mundial de Clubes, a torcida corintiana já havia conquistado o mundo. Isso me faz lembrar da importância dos fãs, não apenas para impulsionar o time, mas também seus negócios. Não é demagogia. O torcedor é o começo, o meio e o fim de tudo. Sem a torcida, não existem patrocínios, direitos de retransmissão, quem dirá bilheteria ou licenciamento. Algo que parece tão óbvio, mas tantas vezes ignorado. Uma grande base de torcedores é o fundamento para fazer valer os esforços de Marketing Esportivo, sempre mantendo o foco nos fãs. Por isso, formar e manter torcedores é o fundamento deste negócio, um negócio de longo prazo, é verdade. O grande desafio os gestores é simular em laboratório a geração espontânea de torcedores, como acontece com a Fiel há mais de um século. Um país louco por Futebol, uma grande cidade, um posicionamento claro e pertinente, uma história de muitos títulos e ídolos do passado e do presente, um legado de pais para filhos. A fórmula está completa, quem é capaz de copiar?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Another brick in the wall

Recentemente, li uma declaração de um interlocutor da polícia militar, sobre a arena do Corinthians, dizendo que deveriam ser instalados alambrados no local após a Copa do Mundo, pois nós "não estamos preparados" para tamanha evolução. Mas quem exatamente não está preparado? Ou quando "estaremos"? Ao contrário do que se possa pensar, existe um caso de sucesso no combate à violência nos estádios, como consequência da retirada destes obstáculos. No Futebol Inglês, esta foi a primeira medida para combater os temidos hooligans. Justamente para criar um marco de que dali em diante os estádios não seriam mais próprios para abrigar torcedores violentos, logo deixariam de aturá-los. Estes fanfarrões também teriam suas faces reveladas, sem mais poder dizer para o alambrado "me segura.. me segura senão eu entro em campo". Mais do que isso, tragédias - que só não aconteceram aqui porque Deus é brasileiro ou sei lá - já haviam mostrado que o alambrado vai contra a segurança, pois é justamente o campo a melhor rota de fuga no caso de grandes confusões. Tudo isso só foi possível sob um plano de identificação e punição aos maus elementos, é claro. Diga-se de passagem, o país vivia um estágio similiar ao nosso futebol atual, como me contou o professor Rogan Taylor, do curso de Football Industries, da Universidade de Liverpool. Se o exemplo do melhor e mais rico campeonato de Futebol do mundo não servir, o que servirá? Queremos continuar sem alambrado, com segurança de verdade. Assim cairá o muro de Berlim que nos separa do futebol civilizado.

Ouça Another Brick in the Wall, do Pink Floyd

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Lei de Gaga

Quando o assunto são as arenas esportivas, existe um conflito entre a visão norte-americana e a européia. No Novo Mundo, impera o conceito das arenas multiúso, que servem para todo tipo de evento, até para eventos esportivos, enquanto no Velho Mundo, o Esporte (essencialmente o Futebol) é quem manda, não descartando usos alternativos, fora dos dias de jogos, desde que não prejudiquem a realização dos jogos. Não por acaso os gramados, que não são sintéticos como nos Estados Unidos, parecem o carpete da sala de casa. Se resta alguma dúvida, acho ainda que o modelo europeu é bem mais coerente para os clubes brasileiros, já que estes não têm fins econômicos. O dinheiro pode importar, é claro, mas tem que ser muito dinheiro mesmo e o prejuízo esportivo tem que ser colocado na balança. Neste final de ano, dois grandes concertos de estrelas norte-americanas serão realizados no estádio do Morumbi - Lady Gaga em novembro e Madonna em dezembro - levando jogos decisivos para outro estádio qualquer, incluindo o duelo com o Corinthians na última rodada. Talvez nem mesmo o clássico valha alguma coisa (a que ponto chegamos!), mas poderia valer o título, a vaga na Libertadores ou a despedida de Lucas e Rogério Ceni, quem poderia adivinhar? Se o São Paulo FC receberá mesmo R$ 1,5 milhão pelo show, é muito pouco, mal cobre a renda da partida perdida, quem dirá o resto. No Tricolor, mais uma vez pesou o que vou chamar de 'Lei de Gaga', deixando o coitado do Futebol em segundo plano.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A insustentável leveza de ser.. ídolo

Não é preciso uma expedição a Marte para descobrir que o desenvolvimento de uma modalidade esportiva passa pela existência de ídolos, assim como por sua exposição na mídia. Também não é um exagero, como disse o Galvão durante a transmissão do UFC Rio, na madrugada de domingo, que Anderson Silva talvez seja o maior ídolo do esporte brasileiro atual. Porém, colocar este grande atleta acima da própria modalidade, pode causar o efeito reverso. Anderson foi obrigado a competir em uma categoria acima de seu peso, sem disputar o cinturão, para "salvar o evento", como ele mesmo disse, num golpe inesperado no chefão Dana White, no melhor estilo do Spider, durante uma daquelas sensacionais entrevistas ao final de cada disputa. O MMA, como outros esportes, precisa de ídolos, no plural. Rodrigo Minotauro Nogueira, com sua simplicidade e talento, já tem muitos fãs, mas não será ficando como pano de fundo do card principal e da programação da TV que se tornará um grande ídolo. Salvar o evento, pode significar depender cada vez mais de Anderson Silva e perder a chance de construir seus pares e sucessores. Um erro semelhante ocorre de vez em quando no nosso futebol, quando os clubes mais populares têm mais espaço nas transmissões, se tornando cada vez mais populares e (supostamente) ricos, quando o equilíbrio seria o ideal para todos. Prefiro o Anderson lutando mais leve, bailando no octógono, sem precisar levar o UFC nas costas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Uma Nova Geração

O portal Globo.com divulgou dados sobre a presença - ou falta de  - público no Brasileirão em andamento. A média de pouco mais de 12 mil é simplesmente ridícula, ainda mais considerando o grande investimento dos clubes, com Seedorf, Forlán, Luis Fabiano e companhia. Este estudo também revelou uma taxa de ocupação média de apenas 40%. É difícil determinar as principais causas, pelo excesso de possibilidades. O calendário que exclui as principais estrelas é um vilão evidente, mas a má condição e péssima logística dos estádios é fundamental. Esta questão poderia ser transformada a caminho de 2014, com os grandes investimentos para a Copa, mas não será. Boa parte da nova geração de arenas esportivas não será utilizada na série A. Brasília e Cuiabá só têm times da série C. Manaus... pois é. Fortaleza e Natal possuem times na série B, que pelo menos em 2013 devem continuar por lá. Ainda restaram, é claro, 7 belíssimas arenas, sendo que poucas abrigarão mais do que uma equipe mandante, anulando o efeito holístico que poderiam trazer. Não bastasse perder a oportunidade do século (literalmente), os estádios ainda sofrerão cada vez mais o impacto das telas de alta resolução e grandes formatos, da TV Digital e das transmissões interativas. Surge, então, uma dúvida em relação à capacidade das novas arenas (média de 52 mil lugares), que deveriam ser dimensionadas para a média de público e não para os momentos de pico, sendo assim mais sustentáveis em todos os sentidos. A presença do torcedor (e a alta taxa de ocupação) nos estádios modifica a atmosfera do evento para os atletas, para a mídia e inclusive para o público presente, ou seja, tudo! Sempre me lembro de uma análise genial do Doutor Sócrates: a geração que consolidou a audiência do Futebol na TV foi formada dentro dos estádios, com isso é capaz de transferir as emoções da arena para o sofá. E se depender da experiência da adolescente Milena Pscheidt, a delicada e corajosa fã do Lucas, que novas gerações virão?

Maiores médias de público no mundo (2011) - parte 1
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 2
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 3
Maiores médias de público do mundo (2011) - parte 4

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Enc: Torcida Móvel

Um ponto crítico para a presença de público nos grandes eventos esportivos é a venda e, principalmente, a logística dos ingressos. A questão da venda até pode ser superada através da Internet, mas sempre sobra alguma possibilidade de transtorno para a retirada dos tíquetes ou ainda as indesejadas taxas de conveniência. A tecnologia também permite que você imprima seus vouchers em casa, mas isso precisa ser feito com alguma antecedência e tem pouca segurança. Mas tudo isso está para entrar no acervo do Museu do Futebol. No lançamento do sistema operacional iOS 6 para o iPhone, esta semana, a Apple incorporou o aplicativo Passbook, que deve revolucionar nossa relação com os eventos esportivos. A possibilidade de compra de ingressos via dispositivos móveis não é exatamente uma novidade, mas gerar um ingresso na tela do seu smartphone e passar o dispositivo na catraca é, sim, uma baita novidade! Não é futurismo. Já é possível usar a tecnologia para jogos de quatro times da MLB (Liga Norte-americana de Beisebol), incluindo o "meu" NY Mets.  Mais do que emitir ingressos virtuais,  entre os benefícios estão a possibilidade de vendas para fãs ao redor das arenas, upgrade de assentos, além da digitalização de programas de fidelidade, como o sócio-torcedor, ou mesmo para saldões de última hora através de sites de compras coletivas. Ou seja, um novo mundo de oportunidades. Como o Brasil está na crista da onda dos megaeventos esportivos, podemos ver a novidade na Copa do Mundo 2014 e muito provavelmente nos Jogos Olímpicos Rio 2016. E vai ser um grande barato!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Eu vi na tevê

Assistimos, na última semana, ao anúncio do patrocínio fechado entre o São Paulo FC e a Semp Toshiba (STI) para os próximos dois anos. É um certo alívio para todas as entidades esportivas em busca de apoio, mesmo para os adversários. Algo de bom pode estar acontecendo. Por outro lado, o bom valor anual de R$ 23 milhões põe fim à euforia (ou mania de grandeza) dos últimos dois anos, um fenômeno literal que começou com a avalanche de dinheiro que atingiu o Corinthians com a chegada de Ronaldo. O que se viu foi uma inflação nos valores de patrocínio no Futebol, algo que passou do ponto por falta de visão estratégica. O mercado não absorveu a bolha furada. E foi justamente o São Paulo FC uma das principais vítimas desta ilusão, encerrando a longa parceria de sucesso com a LG. Já a chegada da Semp Toshiba e o valor contratado (algo como a multa rescisória de PH Ganso... coincidência?) seriam surpresa, não fosse a empresa japonesa de eletro-eletrônicos ter anunciado na véspera a contratação de Eduardo Toni, o mesmo executivo responsável pela parceria do clube com a concorrente coreana. Podemos ver uma pontinha de arrependimento e uma forma peculiar de continuidade. O anúncio do contrato com outra fabricante de TVs, curiosamente ratifica a correlação atual entre as receitas comercias de Patrocínio e Direitos de Mídia. Fica estabelecido o aumento desproporcional do valor pago pela Rede Globo pelos direitos de transmissão do Brasileirão, aumentando muito o valor do pote (o que é bom) e, ao mesmo tempo, decretando uma maior dependência do acordo de TV (o que está longe do ideal). E como diria um tal Michael Porter, quando teoriozou a Análise Competitiva da Indústria, quanto maior a dependência, menor o poder de negociação. Será por isso que voltaram os jogos de sábado à noite?Falou e disse.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Pra cima deles, Neymar!


Com a mesma astúcia e velocidade que invadiu a área do rival no clássico deste domingo (19/08), Neymar vem tomando espaço nos comerciais da TV. São muitos os motivos que fazem do garoto uma estrela dentro e fora dos gramados. Porém, não se pode esquecer que só tem 20 anos, com muitos e muitos anos de estrelato pela frente. E isso pode acontecer mais à base da precaução do que da ousadia. Segundo o Meio & Mensagem, Neymar representou 7 marcas, com mais de 400 inserções na TV, somente no período em que disputou os Jogos Olímpicos. Se você não sabe de cabeça de quais marcas estou falando, nem me pergunte. Quer dizer que alguém - ou "alguéns" - está deixando de associar sua marca a Neymar como gostaria. Haja controle e coerência para resguardar a imagem do menino. E haja criatividade para não cair na mesmice. Sou do tempo que a celebridade protogonizava uma campanha (ou 'reclame', como insiste em dizer um amigo meu) por vez. Depois outro e mais outro. E como é agora?! Até a Copa de 2014, daria para todo mundo ter 3 meses exclusivos. Uma segmentação por meios de comunicação, não cairia nada mal. A quantidade de empresas que exibem o craque reflete não apenas seu talento para atrair o consumidor, mas também que algumas delas poderiam estar dispostas a pagar bem mais para não fatiá-lo (como os votos do STF) dessa maneira. Talvez ele pudesse ganhar o mesmo dinheiro representando menos empresas. E mesmo que não ganhasse, qual é a pressa? Afinal, Neymar tem todos os trejeitos de quem veio para ficar, minha TV que o diga.



domingo, 12 de agosto de 2012

Brasil, uma potência olímpica?

Durante os Jogos Olímpicos de Londres, nos acostumamos a discursar sobre a limitação do Brasil no Esporte, em relação a outras nações bem menos favorecidas. A regra das medalhas é clara e realmente não estamos bem colocados. Mas, desta vez, procurei analisar nosso desempenho por um novo ângulo, buscando quebrar este paradigma. O resultado no quadro de medalhas, que sempre nos reserva uma pontinha de decepção, pode esconder a verdade sobre o patamar do esporte brasileiro no cenário internacional. Neste estudo, vamos analisar a quantidade de atletas medalhistas (ou seja, 12 no Vôlei, 4 nos revezamentos da Natação, 2 nas duplas do Tênis e assim por diante). Por quê? Agora, vamos poder identificar quantos atletas de altíssimo rendimento conseguimos manter, em termos de investimento, talento ou qualquer outro indicador. Escolhi nos comparar a três países de primeiro mundo, economias de tamanho próximo à do Brasil (na linha crescente do gráfico): Alemanha, França e Itália (excluí a Grã-Bretanha que, jogando em casa, levaria grande vantagem). Todos entre os 10 primeiros nos Jogos de Londres e na história olímpica. Descobri que a Alemanha (87 medalhistas), uma potência até Seoul, ganharia por muito pouco do Time Brasil (59) em termos de medalhistas/PIB (1:US$ 42 bi contra 1:US$ 44 bi). Comparando à França, com 70 medalhistas (1:US$ 41 bi), e Itália, com 50 atletas no pódio (1:US$ 46 bi), a proporção é muito próxima, mostrando que a análise deve fazer algum sentido. Antes que digam que nossa população é bem maior, não há comprovação que este seja realmente um diferencial (a partir de algumas dezenas de milhões de habitantes), caso contrário a campanha da equipe chinesa (110) poderia ser considerada ruim. Claro que o país mais populoso tem um maior potencial, mas com menores chances de desenvolvê-lo. Nem mesmo os Estados Unidos é exceção (228), já que possui disparado a maior economia do mundo, quase 6 vezes a nossa, com crise e tudo. Não venham, também, com argumentos que as 18 medalhas no Futebol distorcem o resultado, já que os alemães levaram os mesmos 18 atletas ao pódio no Hóquei e outros oito de uma vez no Remo (e infelizmente não somos referência no futebol olímpico). Assim, podemos chegar a algumas conclusões importantes e polêmicas. Primeiro, que o Brasil investe mais (ou apenas se dá melhor) nas modalidades coletivas (quem disse que está errado?), não apenas no Futebol. Até porque, estes três fortes concorrentes, também são, por coincidência ou não, potências no Futebol profissional. Ou seja, não estamos quase fora do mapa olímpico, apenas temos prioridades diferentes. Se quisermos subir no quadro de medalhas, talvez seja preciso mudar este conceito (vale a pena?). Redirecionar investimentos e talentos (muitos pouco aproveitados no Futebol), seria um caminho. Também seria errado concluir que estamos tranquilos. Podemos evoluir muito, correr atrás dos americanos em algumas décadas, mas é um potencial que poucas nações conseguem desenvolver. Para isso, o Esporte tem que ser um dos pilares da sociedade, ou seja, por enquanto não é pro nosso bico. Se nossa insatisfação servir como incentivo, tudo bem. Quem sabe começa hoje mesmo, o primeiro dia do nosso ciclo olímpico...

terça-feira, 31 de julho de 2012

Os Dois Lados da Moeda

Uma reportagem do Meio & Mensagem de hoje, faz uma análise tão importante quanto preocupante sobre os patrocínios às confederações brasileiras que disputam os Jogos Olímpicos Londres 2012. Menos da metade delas têm patrocinadores privados e quase um terço não tem patrocínio algum. Encontramos apenas 5 empresas privadas, sendo 3 multinacionais. Com leis de incentivo e tudo! Sem falar que cada modalidade pode ter tranquilamente 4 ou 5 apoiadores. O ciclo olímpico para o Rio 2016 começa em poucas semanas, então, o que estamos esperando?! Se alguém ficou esperando a edição atual terminar, perdeu a grande oportunidade de levar um bônus sensacional, do tipo pague 1 e leve 2. Certamente, um dos motivos desta insensibilidade é a crise econômica mundial (inclusive a nossa marolinha), que vem consagrando o pensamento de curto prazo. E o patrocínio, como eleva o valor da marca, é um negócio de médio e longo prazo. Falar é fácil, mas não faria sentido investir agora em algo que também vai render depois que a crise se acalmar? A verdade é que também sinto a falta de profissionais que acreditam em Marketing de verdade. Sem Marketing, não existe Marketing Esportivo. Outra oportunidade exclusiva dos países-sede dos Jogos não pode ser esquecida: o Brasil está pré-classificado em todas as modalidades! Isso elimina o principal risco ao investir no ciclo olímpico. Quer dizer que as confederações de outras modalidades, que não estão em Londres, como Badminton, Golfe e Rugby. também precisam de apoio e oferecem retorno garantido (depende, é claro, de quanto investir). Sim, não é preciso fazer muita conta para reconhecer os valores positivos que o consumidor associa ao Esporte e quanto o espírito e os símbolos olímpicos envolvem um país. Algumas coisas são tão óbvias que fica até difícil de comprovar. Num horizonte de 4 anos, quando teremos a combinação inédita de Copa do Mundo e Olimpíadas num mesmo país, não investir em Esporte pode ser, sim, super arriscado. Este é nosso melhor argumento. Quem vai pagar para ver?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Imagem que vale ouro

Hoje, saiu a confirmação da equipe brasileira de Ginástica Artística para Londres 2012. Jade Barbosa, que já nem estava com o grupo, ficou mesmo de fora. Não por questões técnicas, mas por discordar de cláusulas de Marketing do seu contrato com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Jade teria que ceder o direito de uso de sua imagem individual para os patrocinadores da CBG, enquanto ela aceitava envolver, segundo a família, apenas a imagem coletiva. Pode parecer mais um chororô desta talentosa menina, mas desta vez ela demonstrou conhecer seus direitos.No Brasil, uma grande surpresa (agradável, é verdade) se o assunto fosse melhor resolvido. Talvez nem saibam do que estão falando! Mesmo os grandes clubes de Futebol, teoricamente mais profissionalizados e melhor assessorados juridicamente, tem grandes dificuldades de entender e aplicar o direito de imagem, principalmente no cenário mercadológico. O direito à imagem cabe, naturalmente, ao próprio indivíduo. Ainda mais em uma modalidade individual, onde a cessão do uso da imagem é a principal fonte de recursos dos praticantes. O atleta só poderia abrir mão disso em casos extremos, sendo bem remunerado. Faz sentido, sim, que as equipes busquem contratos que incluam direitos de imagem coletivos, o que possibilita que um grupo atletas (geralmente 4 ou 5) seja apresentado em uma campanha de comunicação ou tenha seus rostos e corpos exibidos em produtos licenciados, algo realmente valorizados por seus parceiros comerciais. Quem não sabe disso, tende a achar mesmo que é tudo ou nada. E quanto mais importante e consciente é o atleta, maior o seu poder nesta discussão. Assim, muitas oportunidades são perdidas, vão-se os dedos e os anéis. É uma pena que Jade não tenha sido incentivada a manter sua postura firme, que poderia secar as lágrimas de muitos outros atletas num futuro próximo. Se tornaria uma espécie de Vanderlei Cordeiro de Lima do Marketing Esportivo...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vamos jogar bola

Uma pesquisa realizada em conjunto pela agência de publicidade F/Nazca e pelo Datafolha (Meio & Mensagem), revelou as marcas e personalidades mais associadas à Copa do Mundo FIFA 2014, na visão dos brasileiros. O resultado  mostra aos patrocinadores de verdade a importância e o desafio da ativação de um patrocínio. Em outras palavras, não adianta comprar uma cota de patrocínio se não contar isso para ninguém. Seria como aquele cara perdido na ilha deserta como uma mulher muito atraente, mas que sente falta de um amigo para se gabar da sua conquista. "Cara, você não sabe quem eu estou... patrocinando!" Ser reconhecido como patrocinador é mais importante do que ser patrocinador de fato, pois essa é a única forma de associar os atributos do evento à sua marca e obter retorno do seu investimento. Exposição na mídia é um meio de conquistar isso e não um fim. A Nike foi a marca com melhor resultado, com 28% das menções, o que não é tanto assim, na era do marketing digital boca a boca. Mas, como ela é patrocinadora da Seleção Brasileira e não do evento, o resultado pode ser chamado de 'excelente'. Isso também demonstra como, para o brasileiro, a Copa ainda se resume à nossa Seleção, o que para o país-sede é uma visão míope e arriscada. Já a Adidas, que de fato patrocina o evento (estão me devendo essa!), ficou em segundo, mas bem atrás da grande rival. O resultado revela que a marca alemã vem fazendo muito pouco ou bem menos do que o necessário. É claro que a Adidas será inevitavelmente reconhecida como patrocinadora até o ano da Copa (ao menos ultrapassando a Nike) e venderá bolas pra chuchu, mas já poderia estar fazendo bem mais. Tratar a Copa do Mundo como um evento que acontece todo ano, ignorando seu ciclo de oportunidades, é um grande erro. A própria FIFA reconhece a ativação dos seus parceiros como parte fundamental da divulgação do evento, portanto, está perdendo também. A Coca-cola, sua parceira histórica, está em terceiro lugar na pesquisa, muito por causa das famosas promoções no ano do evento, mas em parte por ser a marca mais lembrada pelo brasileiro, de maneira geral. Mesmo assim, 16% de lembrança é muito pouco, considerando que "nenhuma" foi a resposta de 11% dos entrevistados (não é por acaso que temos a fama da memória curta), à frente de mais de uma dúzia de reais parceiros locais e globais. E os outros patrocinadores, o que estão esperando? Que outros? Tem outros? "Vamos jogar booolaaaa..." #vamosjogarbola

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Euros na Cueca

Apesar da derrota para Portugal na UEFA Euro, o atacante dinamarquês Niklas Bendtner roubou mesmo a cena. Além de marcar dois gols na partida, o jogador inaugurou um novo capítulo do marketing de emboscada ao exibir seu patrocinador - um site de apostas esportivas - na sua cueca, enquanto comemorava suas cabeçadas certeiras. A ação impactou algo como 150 milhões de fãs, em mais de 200 países, com um retorno de mídia provavelmente na casa dos bilhões de euros. Bendtner pode e deve ser punido (leia sobre a punição), já que a exposição de patrocinadores, tanto de seleções como atletas, é vetada neste tipo de competição (exceção feita aos fornecedores de material esportivo). Do jeito que a coisa vai, terão que fazer uma revista indiscreta nos atletas para evitar que a moda não-remunerada das ruas invada os campos e quadras. A parte mais curiosa é que o Paddy Power contou com a sorte, já que apostou no resultado individual do atleta e a aposta pagou muito, muito bem. Quem poderia adivinhar que o rapaz marcaria dois gols no mesmo jogo enquanto o CR7 passaria em branco? Não estou aqui para pregar o descumprimento das regras, mas temos que admitir que a ideia não deixa de ser original. Aqui no Brasil, por exemplo, este poderia ser um grande trunfo para a Lupo, patrocinadora pessoal de Neymar, o que estaria totalmente dentro das regras das competições de clubes. Aposto que traria menos riscos e ainda daria um retorno sensacional.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Um dia dos namorados

Dia 12 de junho, 4 da tarde em ponto: chego à estação Saúde do metrô, em São Paulo. Três minutos mais tarde, embarco sentido Tucuruvi, vestido a caráter, mas não necessariamente na moda. Trem lotado, um calor danado (será que Deus é brasileiro?). Saio da lata na estação Sé, 17 minutos depois, e faço baldeação para a Linha Vermelha. Agora sim, ar condicionado! Estou achando o pessoal meio quieto, talvez seja porque está difícil de se mexer. Eu não consigo esconder a ansiedade. Mãos frias, coração acelerado, sabe? (quem ama sabe). Vou pensando nos encontros e desencontros que me trouxeram aqui. Vinte e duas estações depois, desembarco no meu destino, às 16h50. Quase lá... Falta uma caminhada rápida. Como tenho pouco tempo, pego um atalho pelo mato (depois descobri que não era um atalho). Cheguei, pontualmente às 5 da tarde. Aqui estou, no estádio Itaquerão, precisamente a dois anos do dia e horário da abertura da Copa do Mundo.  A casa está quase pronta (reservo-me uma licença poética). Quem ama o Futebol consegue entender o que torna este Dia dos Namorados tão especial. Posso até ouvir a nossa música... ("Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...")

domingo, 13 de maio de 2012

A cereja do bolo inglês

Neste domingo, tivemos o desfecho de um dos campeonatos mais emocionantes de todos os tempos. O título do Manchester City, na Premier League inglesa, desbancando seu maior rival, foi definido com um gol aos 48 minutos do segundo tempo, na última rodada do campeonato. Isso tudo em pontos corridos! O dia inesquecível para a cidade de Manchester e para os amantes do Futebol vem para coroar um dos campeonatos mais disputados do mundo. Não é coincidência. Diferente das demais grandes ligas do futebol mundial, o Reino Unido tem uma receita peculiar para dividir o bolo dos direitos de transmissão de TV, de onde costuma vir a maior parte dos recursos dos clubes. A divisão contempla não apenas o tamanho das torcidas, mas também a performance em campo e a quantidade de jogos transmitidos. Como consequência, na temporada passada, o time que mais faturou através da TV recebeu apenas 50% a mais do que o time que menos ganhou (1:1,5). Sem dúvida, uma grande lição para todos, principalmente para a Espanha, onde Real Madrid e Barcelona praticamente monopolizam a divisão de seu 'pastel'. Por lá, os dois mais ricos receberam 12 vezes a mais do que o menos privilegiados (12,5:1). O resultado da liga espanhola também exalta a disparidade econômica: o Real conquistou a taça da temporada 2011/2012 com duas rodadas de antecedência, enquanto o terceiro colocado, o Málaga, terminou o campeonato mais de 30 pontos atrás do vice. Embora Real e Barça sejam os clubes mais ricos do mundo, a liga inglesa que é a mais rica do planeta. Os gestores do futebol inglês, acreditam em um ingrediente indispensável e saboroso que chamam de 'equilíbrio competitivo', aquilo que os torcedores conhecem apenas por 'emoção'.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Humilde Residência em 2014

Esta foi uma semana decisiva nos preparativos para a Copa do Mundo no Brasil. Lei da Copa aprovada, cerveja e comitê organizador acomodados na geladeira. Mas, a principal preocupação continua sendo com os estádios. Sim, porque as obras de infra-estrutura todos sabem que não ficarão prontas a tempo. Como dizem em Cuiabá, "qual o problema?". A verdade é que não precisa ser especialista em Construção Civil para saber que os estádios estão muito atrasados para a Copa do Mundo. Para a Copa das Confederações, nem se fala. Os estádios devem estar em pé em 2014, ao menos a maioria deles. Também é possível apostar que quase nenhum estará totalmente finalizado, com o acabamento contratado e esperado (veja matéria da Folha). A notícia boa é que os jogos vão acontecer, sem problemas. Alguns detalhes incompletos contarão parte desta história, deixando expostos nossa capacidade de realização e, ao mesmo tempo, nossos defeitos. Talvez alguma obra seja abandonada, como aconteceu na África do Sul, assim as visitas não vão reparar na bagunça. Vão ter que se contentar com o Brasil como ele é, algo que nós brasileiros fazemos desde sempre. De uma forma ou outra a festa será grandiosa, em estilo mais descontraído, como sabemos fazer. Se o cantor Michel Teló deverá comandar um dos hits da Copa (não tenho dúvida), com Neymar e companhia, já se preparou, com a devida antecedência, para ensinar a FIFA a ter um pouco paciência e celebrar o Futebol em nossa humilde residência. Sobe o som!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

De olhos bem abertos

A final do Campeonato Paulista, entre Santos e Guarani, já começou mal. Gostaria muito de poder entender porque o presidente do time santista, querendo jogar na Vila Belmiro ou, na pior das hipóteses, no Pacaembu, tenha sugerido disputar as duas partidas no Morumbi. Cabeça de dirigente... O mando de jogo é da Federação Paulista, é verdade, mas vai dizer isso para o Corinthians, que tinha a vantagem de jogar no Pacaembu, caso chegasse à final com o São Paulo. Por coincidência, a Federação acatou exatamente a proposta do Santos, contrariando a vontade legítima do Guarani de jogar em seu próprio estádio. Isso para mim tem outro nome, que não é "mando de jogo". Nos resta, a ótima entrevista do presidente bugrino, Marcelo Mingone, concedida à Rádio Bandeirantes, ao defender o primeiro jogo em Campinas, como forma de valorizar seu estádio, respeitar seu torcedor e aumentar suas chances de vitória, o que costumava ser mais importante que dinheiro (que nem é tanto dinheiro assim). Acreditar que dinheiro no Esporte é um fim e não um meio, é um erro grosseiro. O Santos deve se preocupar em ganhar dinheiro, claro, em quantidade suficiente para não precisar se preocupar unicamente com dinheiro no momento em que o que mais deveria importar era o Futebol. Não por acaso, o presidente Luis Álvaro costumava ser gestor de bancos e não de clubes. Aumentar o preço dos ingressos (como se fosse possível reformar o Morumbi em uma semana) é o clímax da piada. Seria para compensar a queda dos juros?! Passou até aquela vontade louca de jogar na Vila ou mesmo o pacto de não mandar jogos no Morumbi. Já o Guarani, realmente demonstra que há luz no fim do túnel, tanto dentro quanto fora de campo, desde que permitam que o clube permaneça de olhos bem abertos.

domingo, 29 de abril de 2012

Re: 100 Ninguém

Acho que ganhei direito de resposta a mim mesmo depois de comentar o fiasco de público do derby do centenário (Guarani contra Ponte Preta, para quem não sabe ou não leu). Aliás, nunca um post deste blog teve tão pouco audiência como o episódio '100 Ninguém'. Não foi por acaso. Mas quiseram os deuses do futebol uma segunda chance. E que chance! Uma semifinal de Campeonato Paulista, depois de eliminar dois grandes. O jogo foi à altura dos anos dourados do futebol de Campinas, mas a torcida... Novamente decepcionou! Mesmo dobrando em relação ao primeiro jogo, convenhamos que 15 mil pessoas ainda é pouco perto da importância da partida. Assim, volto a me perguntar: o que os torcedores esperam? Realmente, torcedor é um bicho muito difícil de entender.

Enc: O catalão chato

Logo depois que vi o Barcelona esmagar o Santos na final do mundial, comentei como achava chato (ainda acho) um time que ganha tudo, imbatível. A derrota para o Chelsea, na última semana, provou que eu não estava sozinho. Casagrande e Tiago Leifert que o digam, na divertida celebração nos bastidores, revelada no Globo Esporte. A vitória do time inglês repercutiu mais e melhor do que qualquer vitória do Barça poderia. Futebol de gente de verdade, que erra e acerta, corre atrás, é mesmo o que move a paixão do torcedor. Onde vive também a Marketing Esportivo. Um episódio, neste domingo, mostrou que chatisse pega. O capitão Pujol e o comandante Guardiola ficaram indignados com a dancinha de Dani Alves e Thiago, algo tão popular em qualquer outro clube do mundo. Como deve ser entendiante ganhar tudo e como é sempre bem-vinda uma boa zebra!


quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Brasil contra o Brasil

Esta semana, a CBF divulgou seu balanço de 2011, incluindo uma admirável receita (no bom sentido) de R$ 219 milhões com patrocínios, um potencial desconhecido até poucos anos atrás. Combinar mais de 10 parceiros, de diferentes segmentos também é um feito. As diferenças consideráveis entre o valor pago pelas empresas por cotas aparentemente idênticas, não deixa de ser curioso. O resultado é mesmo espetacular se considerarmos que não envolve patrocínio de camisa de jogo, o que é um grande avanço, já que as empresas reconhecem o valor de associar suas marcas à Seleção, o que eu chamo de Marketing Esportivo de Verdade. Porém, não acredito que seja coincidência que a CBF esteja nadando em patrocínios enquanto alguns dos maiores clubes brasileiros, com maior exposição na mídia, encontram dificuldades, logo depois de uma ótima safra. O ciclo que antecede a Copa 2014 prometia ser de bonança, o que se realizou apenas para a confederação. Podemos concluir que a Seleção consumiu boa parte do bolso dos patrocinadores do nosso Futebol, talvez um sinal de alerta para os próximos dois anos. Isso sem contar os investimentos que serão direcionados para o próprio megaevento. Agora podemos dizer, mais do que nunca, que o maior adversário do Futebol brasileiro é mesmo o Futebol brasileiro.

segunda-feira, 26 de março de 2012

100 ninguém

Este sábado marcou o centésimo aniversário do maior clássico do interior do futebol paulista - e brasileiro, o tradicional dérbi de Campinas, entre Ponte Preta e Guarani (ou Guarani e Ponte Preta, se preferir). Infelizmente, há pouco para comemorar. Como previam os maias, 2012 marcou o apocalipse do futebol campineiro, quando apenas 7 mil torcedores foram testemunhas heróicas do emocionante empate. O centenário marca o fim de uma era, um exemplo triste para todas as outras torcidas do Interior. Os times não lembram, nem de longe, os tempos de Careca, Osvaldo, Dicá e Zenon, é verdade, mas até que fazem campanhas honrosas no Paulistão. O estádio Moisés Lucarelli (da Ponte) também não ajuda, tanto em termos de conforto como, principalmente, de segurança, mas mesmo assim o descaso é injustificável.
O que o torcedor de Campinas espera? Que os times ressurjam do nada e retomem milagrosamente o espaço perdido? Como esperam que grandes empresas apóiem seus clubes, já que seus próprios torcedores são incapazes de prestar qualquer incentivo? Qual a imagem os patrocinadores pegariam emprestada para suas marcas? Sem torcedor, não existe Marketing Esportivo, é como tirar leite de pedra. E sem o futebol de Campinas, o Campeonato Paulista não faz sentido.

terça-feira, 20 de março de 2012

Cerveja Proibida na Copa

Parece que a grande polêmica sobre a venda de cerveja nos estádios da Copa do Mundo chegou ao fim. O governo decidiu que a comercialização da bebida não será proibida nem liberada. Genial, não é?! Ou será mais uma das tchecas? Eu que sempre quis encontrar um meio termo entre beber e não beber! Não estou aqui para defender o consumo de álcool, mas será que somos tão mal-educados a ponto de não saber tomar uma cervejinha e assistir a um jogo de Futebol numa boa? Este não seria inclusive um direito daqueles um pouco mais educados? Antes de dizer que o Estatuto do Torcedor proíbe a venda de bebidas alcoólicas é preciso entender o porquê desta proibição. Moralidade (ou moralismo)? Antes fosse. A resposta correta é falta de segurança nos estádios. Isso mesmo! Como não temos competência para identificar, conter e punir os torcedores mais exaltados, colocamos a culpa na cerveja, o que naturalmente não contribuiu para o fim da violência. Ou seja, a proibição não é uma medida de civilidade, muito pelo contrário. É bom que se diga que permitir a venda da bebida não significa, de forma alguma, que virou a festa do caqui, ou melhor, que o consumo excessivo e eventuais atos de vandalismo causados (ou não) por aqueles que exageraram na dose seja algo tolerável. Outra questão é a tal da soberania nacional. Não temos que mudar a lei porque a FIFA quer, é claro. Temos que mudar a lei porque escolhemos sediar uma Copa do Mundo e aceitamos as condições. Isso sim é soberania nacional. Cumprir o combinado (que não é bem a nossa especialidade), não seria má ideia. Não sei quem inventou que leis são imutáveis. Também não vejo como uma imposição, mesmo porque a lei foi pensada para os campeonatos estaduais e nacionais, em estádios com condições precárias, carentes de segurança especializada, totalmente diferente do que esperamos ver na Copa. É isso que devemos cobrar da FIFA, que zele pelo nosso direito soberano de assistir ao nosso futebolzinho relaxados, alegres e em paz. Santé!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Até tu, tatu?!

Há algum tempo, já venho cantando o Brasil como a bola da vez do licenciamento mundial, a ponto de não ser mais uma grande novidade. Tem tudo a ver com a estabilidade econômica e grande potencial adormecido, sim, mas principalmente por recebermos os dois maiores eventos do mundo, nos próximos 4 anos. A FIFA promete revelar a qualquer momento a empresa que será responsável pela comercialização da licença da marca para os produtos oficiais da Copa do Mundo, atendendo à nossa incessante busca por informação, afinal, esta é a propriedade mais democrática para 2014, capaz de acomodar um maior número de parceiros comerciais e movimentar milhares de lojas em todo o país. Além de ser o cartão de visitas do Marketing do evento, pois é um jogo que começa a ser jogado muito antes da data de abertura. Interessados não faltam! A hora é boa, já que em outubro (que está logo ali) conheceremos o shape do tatu-bola que foi escolhido como o mascote oficial, o personagem mais importante do programa de licenciamento da FIFA. Uma escolha muito simpática e que já deve estar mexendo com a cabeça dos criativos, gerando ideias únicas para as campanhas publicitárias e produtos licenciados, buscando o explosivo sucesso de seus parentes mais próximos, as superpoderosas esferas mutantes do anime Bakugan. Ufa! Finalmente, está chegando a hora de vermos o tatu-bola rolar!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Torcida Móvel

Continuamos a expectativa de como serão a Copa do Mundo FIFA e os Jogos Olímpicos realizados no Brasil. Ansiedade à parte, vamos ter que aguardar mesmo a chegada de 2014 e 2016, respectivamente. Já podemos antecipar, porém, que estes megaeventos serão marcados pela mobilidade. À essa altura, os smartsphones já estarão nas mãos de grande parte dos fãs, tanto os brasileiros quanto os esperados turistas esportivos. Além de gerar informação, o conteúdo disponibilizado nas redes móveis vai integrar, de forma nunca antes vista, os principais ativos de Marketing das entidades esportivas. A experiência nas arenas não será mais a mesma, já que os replays poderão ser assistidos ao toque dos dedos. A venda de tíquetes e produtos licenciados poderá feita de qualquer lugar, principalmente no calor dos próprios eventos, quando o envolvimento emocional é maior, impulsionando o consumo. Sem dizer que as telas dos aparelhos poderão substituir, nas catracas, os tradicionais ingressos impressos. Tudo isso interagindo com os patrocinadores... Ufa, agora só falta funcionar! Para que o sonho móvel se torne realidade é preciso falar em infra-estrutura (de novo?!). O metrô de Londres, por exemplo, vai ganhar 120 pontos de acesso wi-fi (hotspots) para desafogar a telefonia móvel durante os Jogos deste ano. Mesmo assim, há quem acredite que não será suficiente. Mais do que a quantidade de turistas, a preocupação se dá pelo aumento da demanda por conteúdo e, principalmente, pela grande concentração de pessoas em determinadas áreas, barreiras invisíveis para as telecomunicações. Para o Brasil, a demanda por tecnologia será ainda maior e temos o desafio de oferecer um nível de serviço compatível com o que os fãs internacionais estão acostumados, o que seria um grande legado para nós brasileiros. Onde há risco, há oportunidade. Que caminho queremos seguir?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A verdadeira Corrida do Milhão

Hoje em dia, entidades esportivas, como times de Futebol, Vôlei, Automobilismo, são como empresas e devem gerar resultado econômico como em qualquer outra indústria. Mas vai explicar isso para os fãs! As peças-chave deste negócio querem ver conquistas, dentro dos campos, quadras e pistas. Sem falar nos empresários e profissionais que estão no Esporte não apenas para ganhar dinheiro, mas vivendo de uma paixão. Para conciliar fins econômicos e fins esportivos, é preciso entender a intimidade que existe entre eles. No Esporte profissional atual, dinheiro não é tudo, mas certamente impulsiona os resultados esportivos. Esta é a razão de ser do Marketing Esportivo, ou seja, gerar recursos para financiar a estrutura, traduzida em vantagem competitiva nestes dois pontos-de-vista. Com base nesta premissa, realizei um estudo com meu amigo e sócio Eduardo Bassani sobre o impacto dos investimentos no desempenho das equipes de Stock Car Brasil. Nos baseamos em valores (alguns conhecidos, outros estimados) investidos em estrutura e salário de pilotos, comparando com o resultado final por equipes na temporada 2011. E chegamos a números reveladores! As quatro equipes mais bem colocadas investiram 35% acima da média registrada pelos 16 times (R$ 2,5 milhões). Já as equipes colocadas entre quinto e oitavo, disponibilizaram recursos próximos à média geral (+8%). Por outro lado, as equipes que ficaram na metade de baixo da tabela de classificação, investiram 35% abaixo da média. Os oito times mais bem classificados, investiram 15% a mais em estrutura, provavelmente em mão-de-obra altamente qualificada, e 57% acima de média em salários de pilotos, mostrando como o componente humano faz a diferença em uma categoria onde os equipamentos de competição são idênticos. Que assim seja em 2012!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Episódio I: A ameaça fantasma

Há algum tempo escuto gestores de clubes do futebol brasileiro falarem em internacionalizar suas marcas. Nunca fui contra, mas insisto que há muito o que se fazer por aqui, inclusive se proteger contra os novos entrantes, como os globais Barcelona e Milan. Primeiro vamos falar do Santos FC que quis aproveitar o Mundial de Clubes para conquistar fãs do outro lado do mundo. Justo! Principalmente para ganhar apoio dos japoneses durante os jogos. Agora, insistir na globalização da marca é um exagero! Não apenas o clube tem muito o que gerar a partir da sua marca aqui no Brasil mesmo, como tem o desafio de rejuvenecer e aumentar sua base de torcedores. Seria uma trabalho relativamente mais fácil e menos custoso. Depois vem o Corinthians, que contratou o jogador chinês Chen Zhi-Zhao, prometendo ganhar fãs naquele país. Menos mal, já que o Timão tem uma base de torcedores muito bem consolidada no Brasil, vem no embalo do Fenômeno, então tem o direito de sonhar mais. Só que, segundo minhas fontes, Chen é um ilustre desconhecido em seu país, que curte mesmo os astros internacionais, como Leo Messi. A ideia não me parece muito original, o que não é o problema, mas uma versão em preto e branco do primeiro episódio da saga do Man United na China, lançado em 2004, estrelando o jovem jogador Dong Fangzhuo. A diferença é que naquele tempo a Premier e a Champions League já tinham espaço na TV chinesa. E no que depender da exposição internacional do futebol brasileiro, Chen ficará ainda mais longe da fama, se é que isso é possível. Agora que o negócio está feito, resta ao Corinthians criar estratégias inteligentes para que alguns chineses (e 'alguns', na China, são milhares!) entrem para o bando. Tratando-se do Corinthians, nada é impossível.