segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sochi: Ar condicionado para o olhos

em http://news.bbcimg.co.uk
As Olimpíadas de Inverno de Sochi chegaram ao fim, mostrando que os esportes no gelo caíram de vez no gosto do brasileiro. Talvez por estarmos no nosso ciclo olímpico, talvez por ter caído nas graças da mídia. Talvez seja ainda pelo crescimento de 80% na penetração da TV fechada no país, nos últimos 4 anos, que tenha atingido a devida relevância. Considerando que não temos nenhum brasileiro em destaque, apesar de algumas apresentações honrosas e até competitivas, não deixa de ser uma grande - e ótima - surpresa. Nunca seremos uma potência dos esportes de gelo e é assim que deve ser. As condições de clima e relevo são a base do desenvolvimento das modalidades a céu aberto. Não seria razoável virar esse conceito de pernas para o ar, provocando a Mãe Natureza em tempos de mudanças climáticas. Mesmo assim, o brasileiro se rendeu definitivamente à beleza plástica, radicalidade e competitividade dos jogos de Inverno, o que pode gerar novas oportunidades de negócio por aqui. Mas para explicar de vez tanto sucesso, talvez possamos ir além. Contrastando com o calor infernal do nosso Verão, Sochi foi um ar condicionado para os nossos olhos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O sócio-torcedor tá voltando pra casa

Sempre tive um pé atrás em relação aos programas de sócio-torcedor dos clubes brasileiros. Sempre não, mas nos últimos 15 anos. Cansei de ver os clubes despejando dados da quantidade de sócios sem considerar os sócios ativos ou números do faturamento sem considerar os custos de manutenção e perdas de receita geradas pelos projetos. A desconfiança tinha motivo. Em 1998, quando iniciei minha carreira no Marketing Esportivo, no São Paulo FC, fui colaborador da comissão que criou o primeiro programa sócio-torcedor do Brasil. Faziam parte da comissão, além do então presidente José Augusto Bastos Neto, o vice Harry Massis, José Carlos Ferreira Alves (atual presidente do Conselho), Sebastião Lapola e Lúcio Astolfo Novaes de Araújo. Na verdade, com o respaldo do então diretor de Marketing, Lúcio Astolfo, escrevi o documento que foi aprovado com muitas ressalvas, que acabaram desvirtuando a ideia original. Tive que esperar uns 10 anos para ver os sócios-torcedores agrupados em segmentos, de acordo com seus desejos e necessidades. Também se passaram uns 15 anos até que a ideia do programa de sócio-torcedor como um clube de benefícios vingasse. Hoje, recebo com muita satisfação a notícia divulgada pela Máquina do Esporte sobre o sucesso da iniciativa da Ambev de oferecer descontos em produtos e serviços para os sócios, agregando nada menos que 100 milhões de reais, em apenas um ano, aos projetos de 45 clubes do futebol brasileiro. É chato ter razão, mas é melhor que não ter razão. Põe meia dúzia de Brahma pra gelar...


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Taxa de (pre)ocupação

Na semana passada, li uma matéria do Estadão sobre a baixa taxa de ocupação dos estádios brasileiros em 2013. Chega a ser um eufemismo. A taxa de 26% está mais para vergonhosa do que preocupante. Preocupação, sim, existe em relação aos estádios da Copa. Embora a taxa de ocupação da Série A seja consideravelmente mais alta, perto de 40%, muitos estádios servirão a competições menos expressivas. O mais óbvio é sempre atribuir a baixa taxa de ocupação ao baixo interesse do público, o que não é totalmente correto. A verdade, muitas vezes esquecida ou ignorada, é que a taxa de ocupação tem tudo a ver com o tamanho do estádio. Sim, a taxa naturalmente pode ser maior, com a mesma quantidade de público. Vale lembrar que na Premier League Inglesa, a mais poderosa do mundo, também com as taxas de ocupação mais altas, acima dos 90%, a média está um pouco abaixo de 40 mil assentos.  Um dos momentos mais críticos no projeto de um novo estádio é mesmo a tomada de decisão sobre a sua capacidade. O erro comum nesta fase é determinar o tamanho pela expectativa de público máximo. Mas, para ser economicamente sustentável ao longo do seu ciclo de vida, as arenas esportivas devem ser projetadas pensando na média de público. Segundo consultorias especializadas, algo em torno de 75% seria o ideal, ou seja, uma capacidade 30% acima da média estimada. Pensando dessa forma, os custos de construção são menores, assim com os de manutenção. Como a oferta de ingressos não supera tanto a demanda, os preços também são pressionados para cima. E o principal: a atmosfera do evento é muito mais legal com a arena lotada, melhorando a experiência de cada torcedor. Agora que já está feito, o jeito de é pensar em estratégias para levar o público para as novas arenas, mas essa já é uma outra história...

Matéria Estadão