segunda-feira, 26 de maio de 2014

Se enganou, meu bem

Às vésperas da Copa do Mundo, chegamos ao auge da guerra publicitária entre os patrocinadores legítimos do evento e da Seleção Brasileira contra as marcas que querem se promover ou mesmo confundir o consumidor. Tudo para não ficar de fora da festa. E quando a disputa é feita com ética e criatividade, pode ser um show à parte. Apesar do nome, o Marketing de Emboscada pode, sim, trabalhar pela propaganda saudável e inteligente, algo em que o Brasil é realmente bom. No caso específico da Copa, pode até mesmo promover os valores do Futebol, um dos principais interesses da FIFA, que chega a incentivar esse tipo de ação. Quando a FIAT levou o povo às ruas, criou a Copa dos "sem ingresso" e acordou o gigante. Deu tão certo, que acharam melhor colocá-la pra escanteio. A TAM barrou a vinda dos jogadores brasileiros da Europa, com muita criatividade e bom humor. Foi convidada a retirar a campanha do ar, por supostamente querer se passar pelo transportador oficial da Seleção. Só esqueceram que ser patrocinador da Seleção não quer dizer ser patrocinador dos jogadores da Seleção, o que é igualmente legítimo. Não sei se esse foi o motivo real. Talvez dificultar as coisas nos aeroportos seja algo que nem todo mundo queira encarar com bom humor ultimamente. Se foi uma crítica tão sutil, maior o mérito dos seus criadores. Substitui-la quase que imediatamente com uma campanha bem sem graça, foi na medida exata, já que ficou com a cara dos conservadores de plantão. Agora, me deparo com a campanha "Pode vir quente que eu estou fervendo", do Bra-Bra-Bradesco. "Se você quer brigar e acha que com isso estou sofrendo" não é o tipo de boas vindas à Copa que estamos esperando ou queremos imaginar. Não por acaso, o Itau foi uma das marcas que mais honrou o título de patrocinador da Copa e da Seleção, com peças de muito bom gosto e mensagens sempre positivas, com direito a um empurrãozinho no traseiro das autoridades. Isso sim incomodou a concorrência. Mas não foi capaz de impedir que suas agências fossem alvo dos protestos. E talvez isso a concorrência não tenha desgostado. Se esse pensamento estivesse por trás da campanha do Bradesco, "se enganou, meu bem" pois não poderia ter sido mais inconveniente. Se fosse pura coincidência, teria sobrado alienação. Nos dois casos, seria de um tremendo mau gosto.

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