domingo, 19 de julho de 2015

O tempo e o sócio-torcedor

O assunto sócio-torcedor sempre teve um sabor especial para mim. E uma mistura de sentimentos, emoções. Quando fiz parte da equipe de Marketing do São Paulo FC, em 1998, ajudei a criar o pioneiro projeto no Brasil. Na época, o clube era visto como referência absoluta de Marketing Esportivo. Desenvolvemos um projeto bem amplo, segmentado, que acabou sendo bastante simplificado para o seu lançamento, o que na época causou um certo desapontamento na nossa equipe. Seja como for, valeu o pioneirismo. Natural que, ao longo do tempo, outros clubes desenvolvessem projetos semelhantes, corrigindo alguns dos nossos erros e omissões. Lá se vão 17 anos... Nesta semana, o SPFC lançou uma nova versão do programa Sócio-torcedor, com a missão de escalar o ranking por número de sócios - o clube era o sexto colocado, mesmo contando com a terceira maior torcida do país. Legal! O que surpreende, com uma boa pitada de nostalgia, é que algumas das principais mudanças estavam previstas no projeto de 1998, como um plano especial para torcedores de outros estados. Na época, observamos que a metade dos torcedores estavam fora da cidade, tornando ineficaz um projeto fundamentado em desconto nos ingressos. E não é a primeira vez. Em 2013, o clube segmentou os planos, em standard e premium, algo que também já estava previsto há 2 décadas (na verdade, eram ouro, prata e bronze). Olhando para trás, com mais amadurecimento, talvez fizesse sentido fazer algo mais básico, que fosse melhorado com o tempo. O que é difícil admitir é que para isso fosse necessário ser atropelado pelos rivais para desenterrar algo que esteve sempre ali, debaixo dos próprios pés. Mais do que qualquer coisa, creio que demonstra como o Marketing do clube se desenvolveu menos que o dos rivais. O São Paulo ainda é uma das referências, sem dúvida, mas perdeu a posição de vanguarda, de pioneirismo em relação a outros grandes clubes. Tempo, tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Una casa italiana com certeza

Segundo estudos, a lua de mel de um novo estádio costuma durar algo entre 6 e 10 anos, ou exatos 7 anos, como escutei de uma consultoria especializada. Traduzindo, esse seria o período que o estádio tem uma receita extra de bilheteria pelo simples fato novo. Em linhas gerais, seria o tempo para que até os torcedores menos assíduos completassem suas visitas esporádicas, mas especialmente o prazo de validade até que deixe de ser novidade para os fanáticos de uma vez por todas. Só que essa lua de mel tem muitas vezes outro efeito muito positivo: o desempenho dentro de campo. Sem fins estatísticos, vamos pensar em dois exemplos bem atuais, que por mera coincidência tem em comum a alma italiana: Palmeiras e Juventus. Começando pelo clube brasileiro, que andava numa draga danada, como dizem por aí, tem motivos para comemorar o primeiro início de temporada na nova casa, o Allianz Parque. Sem menosprezar as motivações técnicas, como é possível ignorar a força que o estádio sempre lotado deu para o time, que chegou bem perto de conquistar o Campeonato Paulista, surpreendendo até alguns otimistas? A nova arena, inclusive, fez a sua parte na final. Mas estádio lotado não basta. Nunca é tarde para resgatar o orgulho de se torcer por um grande time, criando uma atmosfera irresistivelmente vencedora. Bem mais difícil de mensurar do que de sentir. Agora vamos falar da Juve. O velho gigante italiano que está para o futebol europeu mais ou menos como o Alviverde está para o Brasil. Já se passaram 5 anos desde que o estádio foi inaugurado e os resultados recolocaram a Juve no mapa das potências européias. Claro que não podemos ignorar o período anterior de seca, enquanto o clube investia mais no estádio do que no time, algo pelo qual o Palmeiras teoricamente não passou. A Juventus venceu simplesmente todos os campeonatos nacionais jogados na nova arena, depois de quase 10 anos sem o scudetto (claro que a construção durou bem menos). Agora, o grande prêmio de chegar à final da UEFA Champions League, onde não figurava entre os grandes favoritos. Mesmo que não leve a taça, disputada em campo neutro, ninguém vai poder botar na conta da casa nova. Claro que um novo estádio lotado é capaz de gerar receitas adicionais, que sustentam um time mais forte a cada ano. Mas como dizer que não foram as vitórias também responsáveis pelo aumento de público? Se a tradição se cumprir, é uma pena que o conto de fadas esteja prestes a acabar para os italianos de lá. Para os italianos daqui, sete anos de sorte seriam muito, muito bem vindos.