terça-feira, 17 de março de 2009

Até, tu? (matéria original)

A FIA - Federação Internacional de Automobilismo - acaba de anunciar os critérios de pontuação para a temporada 2009 da Fórmula 1. Quem vencer mais corridas, será o campeão. O critério é tão óbvio quanto medíocre. Não podemos esquecer que, aplicando os conceitos do Marketing ao Esporte, o formato da competição é parte essencial do seu mix de marketing, fazendo as vezes do produto, diria sua embalagem. Ou seja, não o mais importante, mas o ponto de partida para os demais elementos do mix - Preço, Distribuição e Comunicação - que agora vão ter que se virar. Apesar da boa vontade da FIA em premiar os vencedores, estão esquecendo o sentido real do regulamento. O formato tradicional privilegiava a regularidade durante a temporada e, principalmente, dava maiores chances de recuperação para os pilotos, em última instância, mais emoção. Pelo radicalismo da mudança, até parece que o campeão de 2009 chegou todas as corridas em oitavo, sei lá. O erro ocorreu quando diminuíram de 4 para 2 pontos a diferença de pontuação entre primeiro e segundo colocados, responsável por Hamilton vencer a temporada 2008 com menos vitórias do que Felipe Massa, da forma mais emocionante possível, diga-se de passagem. E nem foi isso que tirou o título de Massa, Timo Glock que o diga (prometo dedicar uma conversa sobre este assunto). Mas dá para dizer que Hamilton fez uma temporada pior do que Massa? Não creio. O primeiro grande risco é que a temporada se defina com grande antecipação, já que, anteriormente, um piloto poderia se manter em segundo ou terceiro nas primeiras provas do campeonato para tentar uma arrancada, o que, paradoxalmente, ocorreu com Massa no ano passado. Pode acontecer o contrário? Claro, mas daí não mudou nada. Outro risco importante está dentro de cada Grande Prêmio. Se lembram daquelas corridas onde o primeiro colocado abre distância logo nas primeiras voltas e não é mais alcançado? Pois é assim que normalmente acontece. E isso não porque o segundo colocado não quer a vitória, mas por pura incapacidade de acompanhar um carro que está sobrando naquele final de semana. Como as demais colocações não valem para o campeonato, a emoção pode acabar na décima volta. Perde-se ainda aqueles lindos momentos, onde o piloto  larga lá de trás, faz uma corrida fantástica e chega em segundo... Para quê? Gastou energia, sorte, talento e combustível desnecessários. Indo além, a estratégia de tornar cada etapa um tudo-ou-nada, absolutamente não contribui com a segurança dos pilotos. É incrível ver que um dos maiores eventos esportivos da face da Terra, que envolve tanto dinheiro e tanta gente esclarecida, se perca na hora de embalar o produto. Como amante da F-1, quero muito queimar minha língua, mas acho pouco provável. Esta é uma decisão que, se surpreender muito, não vai mudar nada, mas, se cumprir seu destino, pode ser uma pá de cal na melhor categoria do automobilismo mundial. Para mim, seria uma tristeza enorme - aliás, já é. E depois vão culpar... a crise!

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