sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A voz do povo

Novembro de 2010 fica marcado por mais uma demonstração de força dos deuses do Esporte. Eu não creio, mas que eles existem, existem! Em janeiro, postei aqui no blog a minha indignação e tristeza pela infidelidade do Grêmio ex-Barueri diante de seu torcedor. Há duas semanas, foi a vez de repudiar o tal jogo de equipe (outro nome para maracutaia) que virou moda na Fórmula 1. No último domingo (14), por uma feliz coincidência, a justiça foi feita em dobro. Pela manhã, o gran finale da F1, com o jogo limpo da Red Bull Racing que, ironicamente, definiu o campeonato a seu favor. À tarde, com o Grêmio Prudente, que resistiu à nossa (minha) maldição no Paulistão, finalmente rebaixado - com louvor - para a Série B do Campeonato Brasileiro. Histórias que só mesmo os deuses são capazes de explicar.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Asas à liberdade

Quem viu GP do Brasil de Fórmula 1, acompanhou um show - um show de desportividade da equipe Red Bull Racing (aqui, nada de RBR). Ao deixar que Vettel e Webber decidissem a vida na pista, a escuderia fez algo muito bom para o Automobilismo, para os pilotos e para si própria. Um fato que passaria desapercebido não fossem os exageros da Ferrari, que arranhou as imagens de Alonso, Massa e companhia. O curioso é que, no caso da Red Bull, equipe e patrocinador são um só. Isso que é dobradinha! Significa dizer que, mais do que inocência ou boa vontade, concluiu-se que o almejado título mundial de F1 não vale tanto quanto os prováveis danos à marca. Diga-se de passagem, também priorizou o alemãozinho-boa-praça, em detrimento do calado-trintão-australiano. Não foi à toa que a ordem veio de cima. Além de uma exposição grandiosa, a Red Bull ratifica diante dos fãs e consumidores, seu posicionamento de apoio e respeito aos valores Esporte, em outras palavras, Marketing Esportivo de verdade! A incrível história de uma marca poderosíssima, de um produto só, que até outro dia você nem sabia que precisava, construída quase que exclusivamente através do Esporte. Uma lição para ser discutida, aprendida e copiada... pelo menos até o próximo GP.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Obrigado, Felipão!

A falta de jeito de Felipão com a imprensa não é nova, mas poderia estar moderada, já que o sujeito está com a vida feita, por qualquer ângulo que olhar. O próprio inimigo - no caso, a imprensa - é muito menos exigente e mais cuidadoso no trato com um campeão do mundo. Justíssimo! Porém, entre um destempero e outro, Scolari polemizou ao dizer que não tem obrigação de falar com a imprensa. Será? Bom, se partimos do princípio que temos livre arbítrio, ninguém é obrigado a nada. Porém, quem inventou as relações interpessoais e profissionais, criou uma coisa chamada 'direito'. O direito de Felipão não falar, esbarra nos direitos dos seus ouvintes. Assim começa a tal 'obrigação'. É claro que você pode escolher viver em outro planeta, como no Uzbequistão, e criar sua própria filosofia de vida. Na teoria, Felipão não tem mesmo obrigação de falar com a imprensa. Porém, no Marketing Esportivo de verdade, a imprensa é vista como um agente fundamental na construção de imagem, seja de ídolos, como ele, de entidades esportivas, como o Palmeiras, e de seus respectivos patrocinadores. Quem está neste barco tem obrigação de enxergar. Também não podemos esquecer - como poderíamos - que um clube de futebol é uma entidade privada, porém, de interesse público. Significa dizer que o treinador, tão experiente e bem remunerado (será que ele vai me ameaçar?), deveria, sim, dar satisfações aos torcedores, sempre que chamado. E o que dizer dos patrocinadores que bancaram sua volta para o Brasil? Será que não contam com a exposição de suas marcas no noticiário esportivo? Já não bastasse, nosso personagem é funcionário do clube e, supostamente, teria a obrigação de zelar pela reputação e interesses do seu empregador. Ou melhor, nada de obrigação! Tem a opção de mudar de profissão. Alguma sugestão?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quanto vale o show?


O novo 'caso Neymar' põe na balança o dilema do talento e do profissionalismo. O que pesa mais? O atleta, direta ou indiretamente, é o principal ativo do Esporte. Sendo assim, no Esporte levado a sério, como negócio, profissionalismo é obrigação e não qualidade. Não estou falando de educação, que que cabe a todo cidadão. Me refiro ao comportamento perante colegas, superiores, mídia e torcedores. Daqui uns anos, virá alguém dizer que Neymar é "fruto do Marketing Esportivo..." Besteira! Claro que existe marketing destinado à gestão da carreira de atletas. Mas marketing trata, entre outras coisas, da imagem percebida pelo mercado. E o que mais vemos por aí é um show de incompetência dessa gente que "cuida da imagem do jogador" e vê em risco a imagem de um Ronaldo, sem tomar atitudes. Precisa de um exemplo melhor? O talento valoriza, mas o mau comportamento desvaloriza. A cada espetáculo de rebeldia e prepotência, o jovem atacante santista joga notas de 500 Euros pelo ralo. Não saberia dizer quanto, mas é dinheiro graúdo. Você pode estar pensando: "Mas o garoto está rico, pode rasgar dinheiro à vontade"... Verdade, mas não é apenas o dinheiro dele! Pelo contrário, é o dinheiro de patrocinadores, investidores, agentes e do próprio clube. Toda gente que já investiu alto na carreira de Neymar. Curioso ver como o técnico Dorival Júnior, que há uma semana defendia o jogador "perseguido", ontem (15/9) foi atacado pelo próprio monstro que criou. Sim, aquele mesmo treinador comandado por Paulo Henrique Ganso, sabe? O puxão de orelha que Neymar recebeu da diretoria é um castigo do jardim da infância. Ao mesmo tempo que diz não concordar com suas atitudes, o Santos reiterou a confiança no atleta e ainda - como se ninguém soubesse - reafirmou seu imenso talento. E eu pergunto: quanto vale o show?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Odebrechtão

Não, esta não é a versão do blog em uzbeque (língua do Uzbequistão). Simplesmente é o nome temporário do novo estádio do Corinthians. De acordo com a nota publicada nesta data, o direito de denominação - tão difícil de falar quanto naming rights - será a única contrapartida da megaconstrutora Odebrecht, não apenas para a construção do estádio, mas também pelo 'favor' de contrair o empréstimo para a construção do mesmo. É possível, mas pouco provável. A utilização das palavras 'teorema' e 'enigma' em um comunicado oficial (que não seja da comunidade esotérica ou cientifífica) é absolutamente inédita! Sem falar no 'valor de referência' para a obra, que dá asas à imaginação. O que é isso? Imagino que não seja o mesmo que 'valor real'. Não entro no mérito do negócio ou da localização, algo que farei em breve. A realidade é que, de acordo com este documento divulgado pela imprensa, existem muitas, muitas inconsistências. Por exemplo: se o valor dos naming rights for menor do que R$ 335 milhões (mesmo 'valor de referência'), o Corinthians bancará a diferença. Mas estes direitos já não pertencem à construtora? Ah, vamos ver se eu entendi. São dela, mas ainda não sabem quanto ela vai pagar por isso? Pode ser que pague mais do que o valor do estádio? Estranho. Se o custo da obra está pago, para que o tal financiamento? O que acontece se o Corinthians não pagar o financiamento? Fica por isso mesmo? Como podem ver, tenho muito mais perguntas do que respostas. De uma coisa tenho certeza: o retorno de uma obra destas não é de apenas 3 anos. Multiplique por 10 e faz muito mais sentido. Ao menos comparando a todos os estádios construídos em todos os tempos.
Como no 'Caso Ronaldo', o Corinthians esqueceu que hoje já tem uma boa receita com bilheteria, algo como R$ 20 milhões/ano, mesmo no estádio alugado. E que estas receitas ajudam a pagar muita coisa no clube. Também esquece que o estádio tem custos de manutenção, muitos custos. No Engenhão, por exemplo, o custo declarado é de R$ 4,8 milhões/ano. E ainda existem os juros a serem pagos ao BNDES em 10 anos, o prazo contratado. Ainda bem que este não é um site de finanças, porque entraria em colapso. E mais: por que o estádio que nos mostraram parece ser todo coberto (48 mil lugares) se na verdade apenas 16 mil lugares serão cobertos? 'Será assinado um pré-contrato'? Que história é essa? Por último, a parte mais interessante. Por que sediar a Copa do Mundo é mais importante do que concretizar um sonho de 100 anos? Por que foi anunciado para a abertura da Copa do Mundo um estádio que não foi projetado para receber a quantidade de público da abertura da Copa do Mundo? Algo tão sem sentido colocado no papel e divulgado na imprensa, demonstra ao menos uma virtude: coragem, muita coragem!

Matéria do UOL: Corinthians criará empresa para construção e diz que estádio se pagará em 3 anos

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quem mexeu no meu queijo?

É muito comum escutar gestores de grandes marcas do esporte brasileiro se gabando de grandes contratos de patrocínio que acabaram de fechar. Isto é ótimo, desde que seja algo planejado, ou melhor, não seja obra do acaso. Dinheiro é dinheiro, mas quando as receitas do clube estão totalmente nas mãos do mercado ou reféns dos resultados esportivos, o risco é grande. Planejar é traçar caminhos para alcançar objetivos esperados, ao invés de esperar que as coisas caiam do céu. Se você conhece parábola de auto-ajuda, homônima a este artigo, fica mais fácil entender. Trata, em linhas gerais, daquelas coisas que vêm fácil, mas não nos preparamos para o dia que acabarem e tivermos que correr atrás. É justamente o que aconteceu com o São Paulo FC, em 2010. Mais da metade do ano se foi, sem que uma das marcas mais valiosas do país conquistasse um patrocinador de verdade, exceto uma ou outra ação pontual. A perda de receita mensal, que equivale ao salário do Fenômeno, arrasou as finanças do clube. O que aconteceu? Prefiro perguntar: o que foi feito nos anos anteriores para conquistar o tal patrocinador? Nada. Apenas importava que o patrocinador estava lá, bancando um time competitivo, por razões que só importavam ao próprio investidor. Melhor que isso, a cada renovação o valor aumentava por inércia, como um passe de mágica. Mas, de repente, acabou. Muitas são as razões: as empresas pensam cada vez mais para investir; as promoções da Copa do Mundo comeram os orçamentos esportivos; e os principais negociaram patrocínios no mesmo período. Não bastasse o cenário desfavorável, apostaram em um belo aumento da cota de patrocínio, o que tinha tudo para dar errado. E deu. Muito melhor seria manter aquele patrocinador fiel, de um dos contratos mais longos e bem sucedidos da história do nosso Futebol.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Não? Nem eu!

O amistoso da nova Seleção Brasileira de Futebol reabriu uma grande discussão nacional. E não foi a respeito dos convocados ou sobre a forma de jogar da molecada. Por uma simples razão: pouca gente viu a estreia de Mano, Neymar e Ganso, certamente abaixo dos 12% da população brasileira com acesso à TV fechada. De acordo com o artigo 84-A da Lei Pelé, "todos os jogos das seleções brasileiras, em competições oficiais" devem ser exibidos para todo o país, em TV aberta. A legislação consegue, em parte, proteger o torcedor, mas infelizmente não prevê - ainda - os jogos amistosos. Mas existe algo que nem precisa estar na lei. Barrado no baile, o torcedor comum foi o maior prejudicado, isso é óbvio! E quem mais perdeu? A CBF, através dos patrocinadores da Seleção, em especial seu fornecedor de material esportivo. Perde também a própria Rede Globo, que tem no Futebol - após a novela, que fique claro - uma de suas principais plataformas. Em tempos de antirradicalismo pós-Dunga, imperou a falta de flexibilidade, para não dizer 'má vontade'. Para quem já esqueceu, Dunga foi aquele cara que não deixava transmitir os treinos, mas liberava os jogos. Num imenso paradoxo, a estratégia de abrir a Seleção Brasileira para o torcedor e para a imprensa, aconteceu a portas fechadas! Enquanto isso, no balcão do bar... "Joãozinho, você viu aquela jogada do Neymar? Não??? Nem eu!".

domingo, 11 de julho de 2010

2014 chegou


A Copa de 2010 acabou. No momento que o árbitro sentenciou a chegada da Espanha ao rol dos campeões do mundo, este evento passa como um filme em nossa cabeça. O Futebol vive em ciclos de 4 anos que reafirmam alguns dogmas ou prenunciam grandes mudanças. A Copa da África ficará marcada com a chegada de um novo campeão nascido fora de casa, algo que não ocorria desde o Brasil de 58. Talvez seja a prova que faltava que o Futebol se globalizou de vez. O fenômeno não é novidade. Mas quero dizer que seus efeitos apareceram de vez. Os atletas e clubes passaram a predominar sobre as seleções, construindo os grandes ídolos e exportando para a Copa do Mundo, ao contrário do que pareceria mais lógico. Uma das ligas mais fortes, também tem a melhor seleção, quase um paradoxo, já que tem tantos estrangeiros. O brasileiro nunca curtiu tanto uma Copa. E claro que nossa Seleção não ajudou muito. Mas conhecemos os jogadores de todas as seleções. Adoramos alguns, odiamos outros. Ingredientes básicos para torcer - a favor ou contra - por países que só sabemos onde ficam (onde fica a Eslovênia mesmo?). Um dia, Carlos Alberto Parreira disse que não existia mais bobo no Futebol. Mas estes bobos não eram capazes de vencer uma Copa! Agora tudo mudou. Apesar do favoritismo brasileiro, os paradigmas que faltavam foram derrubados para 2014. Para ganhar uma Copa, basta estar na Copa. Isto é ótimo para o turismo e será maravilhoso receber tantos ídolos que vemos na TV, aqui em nossa casa. E tomara que venham 7 campeões do mundo, privilégio apenas de Japão, Coréia e África do Sul. Os bolões e figurinhas renasceram, unindo gerações. Afinal de contas, as crianças e adolescentes de hoje, entendem tanto de futebol global quanto a gente. Imagine em 2014? As transmissões serão em 3D, como se estivéssemos no estádio. Muitos de nós vão estar! Outra novidade: quando a bola entrar vai ser gol! Espero, ainda, que outras lições tenham sido aprendidas. Que grama bem tratada ainda não saiu de moda e não pode ser plantada na véspera. Que confederações, principalmente do hemisfério sul, não têm competência para vender ingressos, muito menos sem supervalorizar os pacotes de viagem. Que a disputa do terceiro lugar pode ser legal pra caramba, mesmo porque nem todos tem o privilégio de estar na final. Nem mesmo o craque da Copa. Que Futebol pode ser o centro do Universo, que o Brasil será o centro do Universo, mas que a Copa no Brasil não precisa girar em torno da Seleção Brasileira. Esqueça a ressaca, porque 2014 já começou.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fiado só amanhã

Continua a saga do velho Morumbi para sediar a Copa 2014. Se eu soubesse que esta novela teria tantos capítulos, teria criado um blog só para isso. São tantas reviravoltas, mistérios e vilões de fazer inveja a qualquer novelista. O capítulo mais recente, foi apresentado hoje pelo jornal Folha: o comitê de São Paulo desistiu do projeto de abertura da Copa. De certa forma, é surpreendente, mas sempre alertamos que alguma coisa não ia bem. Há alguns dias, a FIFA finalmente aprovou um projeto de R$ 650 milhões em reformas que garantiriam o Morumbi ao menos na semifinal da Copa. Felicidade geral e uma surpresa para o São Paulo FC: "Tem que pagar?". Nunca ouvi falar que havia um estudo de viabilidade econômica do novo Morumbi! Este investimento transformaria o clube, um dos mais bem administrados do país - como se fosse grande coisa - no detentor de uma dívida impagável. Sobrou coerência ao clube, que decidiu economizar R$ 400 milhões, se comprometendo a uma reforma menos abrangente (bem menos, imagino). Por outro lado, sobra inconsistência para o comitê de São Paulo, que não desistiu de sediar a abertura. Você não entendeu errado. Eles desistiram do projeto da abertura, mas não desistiram da abertura! Depois de tanto suspense, quatro projetos apresentados, querem receber a festa com um projeto que a FIFA já rejeitou. Se fosse o Jornal Nacional, seria uma loucura, mas roteiro de novela aceita tudo. A seguir, cenas do próximo capítulo...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quem inventou o elástico?

Costumamos atribuir, em meio a boleiros, jornalistas e torcedores nostálgicos, a criação do elástico ao craque Roberto Rivelino, em 1975. O toque mágico aconteceu quando Riva, então no Fluminense, dibrou (o correto é 'driblou', claro) Alcir, do Vasco, no melhor estilo futebol-arte e entrou para história. O que pouca gente sabe, no meio futebolístico, é que 83 anos antes, outro "el bigodón", o inglês Alfred Marshall consagrou outro elástico. Não era jogador (duas décadas depois da invenção do Futebol, pelos ingleses) e, sim, economista. Marshall entrou para história com o conceito de elasticidade preço-demanda. Sua teoria analisa a variação da procura por produtos e serviços em função do preço praticado. Dirigentes do Futebol brasileiro têm testado a teoria à exaustão, quando o assunto é preço de ingressos! Um destes experimentos bizarros vem acontecendo com o estádio do Morumbi, neste ano, utilizando - obviamente - o torcedor como cobaia. No início de temporada, o ingresso de arquibancada permaneceu na casa de R$ 30-40. Para a semifinal do Paulistão, contra o Santos, saltou para R$ 60. Resultado, o clube mandante que deveria se beneficiar do resultado financeiro e daquele empurrão dos torcedores, colocou apenas 35 mil torcedores no clássico. Numa conta grosseira, se mantivesse o preço e lotasse o estádio, ganharia a mesma coisa, venderia mais esfiha, deixaria os torcedores felizes e, quem sabe, empataria ou ganharia o jogo. Uma semana depois, pela 1a. fase da Libertadores, com o time praticamente classificado e desanimado, os ingressos voltaram aos R$ 40 e, não por acaso, mais de 50 mil estiverem no Morumbi. Fazendo um desfavor à ciência, duas semanas depois, já pela 2a. fase do torneio continental, o clube voltou a cobrar R$ 60 pelos ingressos, o que atraiu 'apenas' 43 mil pessoas. Ou seja, jogo mais importante, renda um pouquinho maior, não lotou e o time passou sufoco. Agora, nas quartas-de-final, já é R$ 70. Deve lotar, mas é muito caro! Sou partidário da teoria de que o estádio primeiro precisa encher, para depois aumentar os preços. Também não resolve fazer a conta na ponta do lápis, pois o estádio lotado faz toda a diferença, para quem está lá, para os atletas, para a imprensa e para os patrocinadores. Em segundo lugar, acho o preço abusivo mesmo, pois não condiz com o valor do produto. Quando o time ganha, o torcedor até aceitaria pagar outro ingresso. Agora, quando perde, põe os pés no chão e percebe como foi explorado, humilhado, ignorado nas horas anteriores. Muitas vezes, não volta (a não ser os teimosos 15 mil gatos-pingados que costumam aparecer por lá). Agora estamos falando de satisfação! É o que move o consumidor em qualquer relação de compra. Se Rivelino encantou o mundo pelo improviso, Marshall imortalizou o que hoje é óbvio. Claro que o valor do ingresso pode variar, de acordo com a importância dos jogos. Mas, por que não pensam assim na hora de baixar os preços? Por que os ingressos custam R$ 40 mesmo quando ninguém quer ir? Fique claro: não queremos que baixem preços dos ingressos, queremos que melhorem o serviço! Estes dias, uma pesquisa publicada pelo DataFolha concluiu que 34% dos torcedores atuais nunca foram ao estádio. E outros 22% só foram uma ou duas vezes na vida. Por que será?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Futebol Global


Não é de hoje que se ouve falar em globalização - tempo suficiente para o assunto tornar-se repetitivo e chato. No marketing de verdade, a globalização é uma onda, ou melhor, um tsunami que cedo ou tarde atinge todos os mercados. Alguns serão molhados, outros até surfarão na onda. Outros tantos serão afogados. No Futebol, não seria diferente. A quebra de barreiras intensificou o êxodo dos principais craques para mercados mais ricos e organizados, que buscavam oferecer produtos diferenciados e audiência sem fronteiras. Não por acaso, o Brasil foi sentindo o peso deste processo. A curto prazo, a perda de nossos principais jogadores. A médio e longo prazo poderá vir a maior e mais destruidora onda. Os grandes clubes e ligas do futebol europeu vêm invadindo os plasmas e LCDs do nosso torcedor. Pior que isso - pior para nós - é que este fenômeno de mídia se transformou em um fenômeno cultural, fazendo com que estas marcas globais entrem no cotidiano de jovens e adolescentes (quanto menos idade, mais impactados!). Para aumentar o drama, os grandes clubes europeus são grandes conquistadores e têm uma estratégia para isto (não apenas para isto). Os grandes clubes brasileiros, até aqui beneficiários de sua exposição nacional em detrimento dos clubes regionais e locais, agora são vítimas não-inocentes deste processo, que pode ter consequências avassaladoras (como se pudesse piorar) sobre as receitas de Marketing. Não é de se admirar, afinal a globalização encurtou distâncias. Hoje em dia, Madri, Londres, Paris, são logo ali. Tanto quanto Salvador ou Recife. Se faltava alguma prova, a tarde de 28 de abril de 2010 poderá ser um marco histórico. A Globo, com Galvão Bueno e tudo, transmitindo ao vivo a semifinal da UEFA Champions League, é uma grande demonstração de força e potencial de crescimento. Isso que é globalização! E não é um trocadilho! Num cenário apocalíptico, no melhor estilo do filme 2012, nossos netos não irão ao estádio, vestirão camisas dos maiores clubes do mundo, torcerão por seus clones virtuais no video game e participarão de seus eventos de relacionamento. O futuro já chegou? Por sorte, a Globo não quer mudar a Champions League para depois da novela. E a globalização ainda não mexeu com o fuso-horário. Mas quem disse que não mudará nosso período de trabalho? Num estágio crítico, lá por 2050 - se o mundo durar até lá - descendentes próximos do corinthianus fanaticus invadirão a Avenida Paulista para comemorar a conquista do campeonato espanhol ou italiano ou inglês. Ou de todos eles. Mas não se assustem: haverá espaço para os segundos-times do coração... A 'marolinha' vem vindo, só não vê quem não quer ou não tem juízo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Digão na Copa?

Em ano de Copa do Mundo, o consumo de cerveja no Brasil deverá crescer 5% em 2010, algo como 500 milhões de litros. Não por acaso, o evento mexe com a cabeça dos gestores de marketing dos principais players deste mercado. Há 4 ou 5 meses, a Brahma vem se posicionando como "a primeira marca brasileira patrocinadora da Copa do Mundo". Na verdade, não é bem a Brahma. A cerveja oficial da Copa desde 2002 é a Budweiser, co-irmã da Brahma, já que pertencem ao mesmo grupo, a AB InBev (até o fechamento do post, continuava sendo este nome). O mesmo esquema deverá ser utilizado para outras marcas locais do grupo, com a argentina Quilmes, que deverá ser, não por acaso, "a primeira marca argentina patrocinadora da Copa do Mundo". Embora conte aparentemente com aval da FIFA (mas não no site oficial, ao contrário de Hyunday e Kia), é quase como dizer que Digão, irmão menos famoso - e mais feio - do craque Kaká , será convocado para a Copa da África. Não se assuste! Digão não estará na lista do Dunga... mas é como se estivesse! Afinal , ambos são filhos do sr. Bosco com a dona Simone Cristina. Faz sentido? Curioso é que a mesma estratégia é usada pela Brahma, que se diz patrocinadora da Seleção Brasileira, quando na verdade, os direitos pertencem ao Guaraná Antarctica (tudo a ver!). Em tempos de marketing de emboscada, vivendo e aprendendo. Na verdade, a AB InBev não possui operação no continente africano, o que, de certa forma, diminui o apelo do patrocínio e, principalmente, o retorno em vendas. Tanto que anunciou que abrirá mão da venda de cerveja (Bud) fora dos estádios, como nos fan parks, devido ao alto custos de operação. Quem entrou na festa foi a maior cervejaria do país, a SABMiller, que adquiriu estes direitos. Enfim, se a própria dona das marcas pensa que cerveja é tudo igual, quem sou eu para explicar? Parodiando o grande Vicente Matheus, eterno presidente do Corinthians e visionário de fusões e aquisições, que um dia agradeceu à Antarctica, "Agradeço à Bud pelas brahmas que vamos tomar na Copa".



terça-feira, 23 de março de 2010

Dica de Viagem

Há alguns anos que ouço falar da internacionalização das marcas de grandes clubes brasileiros. A primeira coisa que me vem à cabeça é sempre "por que eles não cuidam do próprio galinheiro?" - com o perdão da expressão, pois a cabeça é minha. Na teoria é algo sensacional, desde que se consiga um nível razoável de desempenho nos negócios locais. De qualquer maneira, foi um grande prazer ver o Santos entrar em campo em Nova York, no último sábado (20), para a inauguração da Red Bull Arena (aqui eu posso falar!). Quem, da minha geração para trás, não se lembrou dos tempos do NY Cosmos, onde o Rei Pelé se juntava aos verdadeiros galáticos dos anos 70, antevendo a globalização do Futebol? De volta para casa, ficou a seguinte pergunta: o que restou para o Santos, com Neymar e (sem) companhia, dos US$ 400 mil de cachê que trouxe na bagagem? Antes de tudo, devemos contabilizar uma perda de receita de uns US$ 100 mil, no dia seguinte, por conta do público reduzido nas ausências de Neymar e Robinho (este em campo) no Pacaembu, diante do Ituano. Uma comparação simples e direta com a renda da partida contra o Oeste, duas semanas antes. Ainda bem que não se economizou Futebol por aqui. Já em Nova York, quanto custou ao Santos jogar desfigurado e ser atropelado pelos 'touros vermelhos'? Neymar foi até - injustamente - vaiado. Quanto vale a reputação internacional de um clube como o Santos, que tem homônimos desde o México até a África do Sul? Não sou contra o amistoso. Acho que poderia ir até de graça! Desde que levasse um time competitivo, à altura do que os americanos esperavam (e pagaram) e, principalmente, do que o Santos e os santistas merecem. Fica aqui minha dica para a próxima viagem.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Barueri mudou-se!


Sou um grande defensor do Esporte enquanto negócio, principalmente o Futebol. O que a maioria ainda não entende é no que consiste este negócio. Primeiro: Futebol é um negócio a longo prazo. Os maiores clubes do Brasil e do Mundo levaram décadas para construir marcas fortes e torcidas de massa. Segundo: Futebol é paixão. É esta paixão que movimenta bilhões de Reais, Euros e Dólares. Neste mês, o Grêmio Barueri, grande revelação do futebol brasileiro em 2009, deixou a cidade. O clube que - segundo os próprios dirigentes - nunca recebeu nada da Prefeitura - mudou-se por falta de apoio da Prefeitura. Dá para entender? Nos últimos dias, assisti a um documentário da ESPN sobre a história dos Colts, um time de Futebol Americano que abandonou a cidade de Baltimore, na calada da noite, mudando-se para Indianápolis. Simplesmente, colocou tudo que pôde em carretas e fugiu em comboio. É comovente ver, 26 anos depois, o sofrimento de seus torcedores. Quem é torcedor de verdade, pode imaginar. Mas quantos torcedores tem (tinha) o Barueri? Não importa. Quando se mudou para Presidente Prudente, o comboio gremista (não consigo mais dizer Barueri, parece que rasurei o mapa do Estado de São Paulo) esqueceu de carregar seus parceiros e admiradores. Eu mesmo me considerava um deles. E tem algo que jamais caberia na bagagem: sua alma e sua reputação. Qual a confiança que uma empresa tem para patrocinar um time de Futebol? Qual o retorno que justifica o risco de devastar os corações de uma cidade inteira? Em Baltimore, anos depois, os torcedores, mesmo feridos, abraçaram um novo time, o Ravens, com o aval dos grandes ídolos e da banda oficial do antigo Colts. Para o Indianápolis, restou uma história de traição. Espero, igualmente, que a cidade de Barueri encontre um novo clube, que carregue consigo o estádio, a história e os ídolos dos quais costumava se orgulhar. Ou que o filho pródigo à casa retorne, para provar que o Futebol é negócio - e até por isto - não é brincadeira.