quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Estádios ou Casulos

Certa vez, ouvi de um respeitado especialista em Esporte, que a violência nos estádios brasileiros é reflexo da falta de segurança que marca nossa sociedade. Que o estádio não pode ser um casulo, capaz de distorcer a dura realidade do nosso dia-a-dia. Por que não? Talvez estejamos procurando onde nos abrigar, tornando os estádios locais de puro prazer e entretenimento, ao invés de ser o inverso, um extrato dos nossos problemas cotidianos. Não pude deixar de lembrar da guru do Marketing dos anos 90, Faith Popcorn, autora do best seller que se consagrou prevendo megatendências sociais e seus reflexos mercadológicos nas décadas que se seguiram. Algumas delas, mudaram a forma que vivemos e consumimos, como a customização de produtos, busca por aventuras reais e virtuais, causas sociais, entre outras. Muitos negócios de sucesso seguiram seus passos. Um dos conceitos mais importantes é o do encasulamento. Justamente por causa da violência urbana, pessoas equipariam melhor suas casas para nelas permanecerem por mais tempo, criando uma espécie de casulo. O mesmo aconteceria com seus automóveis. Também nos reuniríamos em comunidades fechadas, navegando entre a segurança real e percebida. Quem pode dizer que isso não aconteceu? Sob o olhar do futebol brasileiro, como negar que a aventura nos estádios foi trocada pelos pacotes de TV a cabo e pelos aparelhos de tela plana? Talvez essa seja a chave da questão! O que parece ser um problema, pode ser a grande oportunidade. Somos os donos desse destino. Os estádios não podem oferecer segurança absoluta, mas não seria demais pedir que sejam mais seguros do que as caóticas ruas da cidade, o que, convenhamos, com algum esforço e competência, parece relativamente mais fácil. Um lugar onde o torcedor possa livrar-se temporariamente das suas angústias, ao contrário de ser o fatídico espetáculo das suas frustrações. Para isso, é claro, são necessárias muitas ações práticas. Com certeza, isso não converterá os vândalos, mas fará com que procurem outro tipo de passatempo. Assim, iremos garantir vida longa e prosperidade aos velhos e novos estádios do Brasil. Feliz 2014.


*Popcorn, Faith. Relatório Popcorn. Rio de Janeiro. Campus, 1993.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vamos lançar a caxirola

Sem surpresa. O que já estava escrito era um fim trágico para a caxirola. Desde a premiação que recebeu do chamado 'Plano de Promoção do Brasil' para a Copa do Mundo 2014, algo não soava bem. Menos chata que a vuvuzela sulafricana e também muito mais sem graça, não conseguia enxergar um futuro próspero para essa espécie de caxixi (pra não dizer que é um chocalho mesmo). Para piorar, outro projeto, do pedhuá (meu Deus, como se pronuncia isso?!), também foi selecionado com a promessa de se tornar a vuvuzela brasileira. Bem, podemos dizer que a estreia da caxirola não foi das melhores. Quando os torcedores do Bahia entenderam o 'lançamento' como uma competição de arremessos do artefato ao campo, revelaram nossa ignorância, mas nos libertaram (dentro do possível, é claro) da demagogia e falta de transparência que costuma aparecer por aí. Fosse, apenas um mero protesto contra a caxirola, seria até compreensível. Ah, já ia esquecendo… Com o incentivo financeiro do projeto, serão produzidas algo como 190 milhões de unidades da caxirola até 2014, uma para cada brasileiro. Já sabe o que vai fazer com a sua?

Mancha vermelha

O blog volta de longas férias, motivado por dois acontecimentos esportivos do final de semana passado: um inusitado e outro esperado. Vamos começar pela triste surpresa reservada para o lançamento dos novos assentos do Morumbi. O São Paulo FC finalmente convenceu o conselho do clube a utilizar um terceiro uniforme, mas os cardeais tricolores devem estar arrependidos. Eu mesmo me arrependo em parte por defender esta ideia, principalmente quando fiz parte da diretoria de Marketing do Tricolor. O sonho das gestões anteriores foi manchado por uniforme vermelho, que trazia a marca do patrocinador, as tradicionais listras horizontais até o símbolo do clube bem apagadinhos. A vergonha alheia é ainda maior pois, inevitavelmente, estão envolvidas neste projeto algumas pessoas que gosto e admiro. Nunca vi maior desperdício de oportunidade unido à falta de criatividade. Sinceramente, não entendi.