terça-feira, 3 de março de 2009

Se tudo sair como planejado...

Há alguns anos fiquei impressionado ao ter acesso ao planejamento anual de um grande clube português. Realmente este clube demonstrava extrema capacidade de antecipar receitas e despesas anuais, planejando detalhadamente suas estratégias comerciais e organizando de forma clara e direta. Condições do ambiente, dentro e fora de campo foram rigorosamente avaliadas. Planos foram traçados para os principais ativos do clube. Para que ao final da temporada o clube tivesse, se tudo saísse dentro do planejado, um belo resultado financeiro... negativo! Não é piada de português, mesmo porque minha própria origem lusa não permitiria. Você analisa as condições que vai enfrentar e, então, desenvolve estratégias para dar prejuízo? Achei no mínimo curioso. Para quem não está familiarizado com o tema, o bom senso diz que, no caso de se esperar prejuízo num determinado período, o que é plausível, o planejamento seja feito num prazo maior, na medida que demonstre uma rentabilidade no longo prazo. 
Ao refletir sobre o resultado financeiro do São Paulo FC em 2008, impossível não lembrar dos co-irmãos portugueses. Embora não tenha tido acesso ao documento escrito, fiquei sabendo que o clube desenvolveu um planejamento anual detalhado, contendo previsões de receitas e despesas. Isso, considerando oportunidades e ameaças do ambiente, suponho eu. O resultado dentro de campo não foi perfeito, mas foi muito bom. Se as coisas não foram bem na Libertadores, já no Brasileiro o clube lavou a alma e alimentou os cofres. Iniciativas de Marketing, torcedor feliz da vida, patrocinadores radiantes, venda de camisas estourando, inveja dos rivais. Tudo isso para que no final da temporada chegasse a um belo prejuízo? Será possível? Imagino aquele sotaque da terrinha dizendo: "Se tudo correr como planejamos, tomaremos um belo de um prejú!" Imaginem a situação de quem ficou de fora da Libertadores, passou o ano no purgatório, despencou para a série B ou todas as alternativas anteriores. 
Enfim, tudo muito engraçado, se não fosse triste. Só sei que está na hora de fazer valer a responsabilidade fiscal para os dirigentes do nosso Futebol.

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