terça-feira, 31 de agosto de 2010

Odebrechtão

Não, esta não é a versão do blog em uzbeque (língua do Uzbequistão). Simplesmente é o nome temporário do novo estádio do Corinthians. De acordo com a nota publicada nesta data, o direito de denominação - tão difícil de falar quanto naming rights - será a única contrapartida da megaconstrutora Odebrecht, não apenas para a construção do estádio, mas também pelo 'favor' de contrair o empréstimo para a construção do mesmo. É possível, mas pouco provável. A utilização das palavras 'teorema' e 'enigma' em um comunicado oficial (que não seja da comunidade esotérica ou cientifífica) é absolutamente inédita! Sem falar no 'valor de referência' para a obra, que dá asas à imaginação. O que é isso? Imagino que não seja o mesmo que 'valor real'. Não entro no mérito do negócio ou da localização, algo que farei em breve. A realidade é que, de acordo com este documento divulgado pela imprensa, existem muitas, muitas inconsistências. Por exemplo: se o valor dos naming rights for menor do que R$ 335 milhões (mesmo 'valor de referência'), o Corinthians bancará a diferença. Mas estes direitos já não pertencem à construtora? Ah, vamos ver se eu entendi. São dela, mas ainda não sabem quanto ela vai pagar por isso? Pode ser que pague mais do que o valor do estádio? Estranho. Se o custo da obra está pago, para que o tal financiamento? O que acontece se o Corinthians não pagar o financiamento? Fica por isso mesmo? Como podem ver, tenho muito mais perguntas do que respostas. De uma coisa tenho certeza: o retorno de uma obra destas não é de apenas 3 anos. Multiplique por 10 e faz muito mais sentido. Ao menos comparando a todos os estádios construídos em todos os tempos.
Como no 'Caso Ronaldo', o Corinthians esqueceu que hoje já tem uma boa receita com bilheteria, algo como R$ 20 milhões/ano, mesmo no estádio alugado. E que estas receitas ajudam a pagar muita coisa no clube. Também esquece que o estádio tem custos de manutenção, muitos custos. No Engenhão, por exemplo, o custo declarado é de R$ 4,8 milhões/ano. E ainda existem os juros a serem pagos ao BNDES em 10 anos, o prazo contratado. Ainda bem que este não é um site de finanças, porque entraria em colapso. E mais: por que o estádio que nos mostraram parece ser todo coberto (48 mil lugares) se na verdade apenas 16 mil lugares serão cobertos? 'Será assinado um pré-contrato'? Que história é essa? Por último, a parte mais interessante. Por que sediar a Copa do Mundo é mais importante do que concretizar um sonho de 100 anos? Por que foi anunciado para a abertura da Copa do Mundo um estádio que não foi projetado para receber a quantidade de público da abertura da Copa do Mundo? Algo tão sem sentido colocado no papel e divulgado na imprensa, demonstra ao menos uma virtude: coragem, muita coragem!

Matéria do UOL: Corinthians criará empresa para construção e diz que estádio se pagará em 3 anos

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